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Um mês após quebrar um recorde histórico e ser o estado brasileiro com o maior número focos de calor, Roraima continua sendo consumido pelas chamas. A seca severa, que aumenta as possibilidades de incêndio, reduziu a vazão dos principais rios e levou 14 dos 15 municípios a decretarem emergência.
Mesmo com os esforços emergenciais, pelo menos 4 cidades tiveram o fornecimento de água encanada interrompido e são abastecidas por caminhão-pipa.
Os incêndios são causados por duas razões principais:
- Seca severa: a temporada de chuvas veio menor do que o esperado neste ano, reflexo do fenômeno El Niño. Há dois dias para terminar o mês, a chuva que caiu em apenas um dia teve volume abaixo do nível esperado. A situação climática deve se estender até abril, quando voltará a chover com um pouco mais de regularidade.
- Queimadas: nesta época do ano, é comum que produtores façam incêndios para a limpeza de áreas de plantio e pasto. Apesar da suspensão das licenças ambientais para a prática, há casos de registros de incêndios criminosos, segundo especialistas.
O estado concentra 28% de todos os focos de incêndio registrados no Brasil, desde o início deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foram 4.039 focos de calor até 29 de março. São 3,4 mil casos a mais do que o registrado durante os três primeiros meses do ano passado.
Com uma extensão de 224,3 mil km², o estado já teve 10,7 mil km² consumidos pelo fogo neste ano, sendo 48% da área está localizada em terras indígenas, segundo os mais recentes dados do Monitor do Fogo, plataforma do MapBiomas, que monitora a extensão territorial afetada por queimadas.
No que se refere a focos de incêndios, 15 terras indígenas localizadas no estado estão entre os 30 territórios com mais focos de calor no Brasil.
Se somadas as áreas devastadas, o fogo em Roraima corresponde a 54% de toda a área queimada no Brasil em 2024, ou seja, foram 1.980.043 hectares afetados, o equivalente a área de cerca de 1,9 milhão de campos de futebol.
De acordo com a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, o aumento de incêndios florestais já é considerado “absurdo” se comparado com os casos registrados desde o início do monitoramento, em 2019.
As licenças ambientais para queimadas controladas foram suspensas em fevereiro, período em que os focos se multiplicaram, após 62 emissões. A técnica é usada por produtores rurais para a limpeza do solo e há previsão legal para isso, sob autorização do governo estadual.


