Em comunicado oficial, a corporação afirma ter atendido imediatamente ao pedido do governador do estado, Wilson Lima, logo depois de informado pela White Martins sobre a iminente falta do insumo em Manaus

O Comando Militar da Amazônia afirmou que assim que foi informado oficialmente pelo governo do Amazonas sobre o iminente colapso de oxigênio em Manaus, comunicou o Ministério da Defesa, que acionou a Força Aérea Brasileira e em 24 horas o produto começou a chegar na capital amazonense.
De acordo com o CMA, e pedido do Executivo estadual aconteceu às 23h (horário de Manaus), de 7 de janeiro e no dia seguinte, 8, os cilindros com o produto desembarcaram em Manaus.
Por meio do documento divulgado nesta quinta-feira (10), o Exército se manifesta oficialmente e traça uma cronologia dos acontecimentos que antecederam a crise de oxigênio na rede pública e particular de Manaus, em janeiro, que vitimou dezenas de pacientes intubados por falta de ar.
As datas da comunicação entre a empresa White Martins, o governo governo estadual e o governo federal, sobre a redução drástica dos estoques de oxigênio por causa da excessiva demanda de internações na rede hospitalar por conta da nova variante P1, são temas centrais de intermináveis debates na CPI da Covid – a Comissão Parlamentar de Inquérito que apura as responsabilidades pelo colapso.
O documento do CMA traça uma linha do tempo de quando foi informado, na virada do dia 7 para o dia 8, e o envio do pedido para o Ministério da Defesa, iniciou o transporte de oxigênio por via aérea e fluvial para abastecer o sistema de saúde.
Com a nota, o CMA procura esclarecer matérias veiculadas dando conta que o Exército Brasileiro não apoiou o Amazonas em janeiro durante a
crise instalada em Manaus pela falta de oxigênio. E esclarece:
“No dia seguinte ao acionamento, os cilindros de oxigênio já estavam desembarcando na cidade de Manaus, conforme mostra a publicação do próprio portal do Governo do Estado do Amazonas. (http://www.amazonas.am.gov.br/2021/01/covid-19-governo-do-amazonas-reforca-a-r
ede-hospitalar-com-mais-245-toneladas-de-oxigenio/)”, informa o comunicado do CMA, divulgado hoje nesta quinta-feira (10).
“No dia 8 de janeiro de 2021, foi recebido outro ofício do Governo do Amazonas, retificando para 350 cilindros a demanda de transporte aéreo de Belém para Manaus, sendo remetido imediatamente ao Ministério da Defesa e atendido pela FAB”, diz o Comando Militar da Amazônia.
O texto destaca ainda que o volume não transportado por via aérea de Belém a Manaus, por ter dimensões incompatíveis com as características técnicas das aeronaves da FAB, foi transportado por via fluvial: “como se vê na seguinte matéria no site do governo do Amazonas
(http://www.amazonas.am.gov.br/2021/01/carga-extra-de-50-mil-metros-cubicos-de-o
xigenio-desembarca-em-manaus-para-abastecer-hospitais/)”.
Ainda segundo relato do CMA, consta nos registros que 36 isotanques de oxigênio líquido da empresa fornecedora do governo do Estado, White Martins, foram transportados na madrugado do dia 12 para o dia 13 de janeiro, em avião da FAB, pousando em Manaus às 5h da manhã. “O que se
tornou público e pode ser visto na matéria do seguinte link:
(http://www.amazonas.am.gov.br/2021/01/governador-garante-o-abastecimento-de-oxi
genio-para-abastecer-a-rede-estadual-de-saude/)’, cita a nota.
O CMA afirma também que, a partir do dia 13, “incrementou-se o transporte até estabelecer linhas aéreas diárias de suprimento de oxigênio líquido para Manaus, além de diversos transportes de oxigênio gasoso de Manaus para os municípios do interior do estado”.
” Ainda nesse esforço, a partir de 16 de janeiro, começaram a ser transportadas usinas de oxigênio tanto para Manaus, quanto para municípios do interior do estado, alguns inclusive, por meios fluviais, com apoio da Marinha do Brasil, tendo em vista a impossibilidade de pouso por aeronaves de porte”, explica o CMA.

Cronologia da chegada do oxigênio no Amazonas:
Os alertas nos dias que antecederam o colapso
7.jan
- White Martins manda email à Secretaria de Saúde do Amazonas registrando alerta sobre risco de escassez de oxigênio
- Secretaria pede ajuda ao Comando Militar da Amazônia para o transporte aéreo urgente de cilindros de oxigênio que estavam em Belém
8.jan
- O email à Secretaria de Saúde teria sido encaminhado ao então ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, segundo a AGU. Depois, o gabinete do ministro negou essa versão
- Um novo ofício do governo do Amazonas ao Comando Militar da Amazônia oferece novas informações para o transporte de oxigênio de Belém a Manaus
9.jan
- Ofício do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), alerta para o risco de escassez de oxigênio e detalha pedido de ajuda a Pazuello, com solicitação de transporte de 500 cilindros da White Martins em Guarulhos (SP)
- O governador também manda ofício ao comandante militar da Amazônia, com o mesmo teor, pedindo ajuda para transporte de 36 tanques de oxigênio líquido
11.jan
- White Martins manda email pedindo “apoio logístico imediato” para transportar 350 cilindros de oxigênio gasoso, 28 tanques de oxigênio líquido, 7 isotanques e 11 carretas. O pedido foi direcionado a dois coronéis do Exército com atuação no Ministério da Saúde
12.jan
- Em novo ofício a Pazuello, governo do Amazonas pede ajuda para transporte de microusinas e geradores.
14.jan
- O sistema de saúde em Manaus entra em colapso, já nas primeiras horas do dia, por falta de oxigênio. O insumo transportado com auxílio do governo foi insuficiente. Pacientes morrem asfixiados nos hospitais.
Saiba mais
O consumo regular de oxigênio em Manaus em tempos normais era menos de 20 mil metros cúbicos por dia para abastecer toda a rede hospitalar pública e particular.
As três empresas que atuam na produção do produto na cidade, juntas, tinham capacidade de gerar 27 mil metros cúbicos do insumo. No pico da crise, o consumo chegou perto dos 100 mil metros cúbitos. E o que se viu foi o colapso do sistema, que teve de repor essa diferença com a importação de oxigênio de outras fábricas da White Martins em São Paulo e Belém.
O produto chegou a capital do Amazonas por estradas – BR-319 (Manaus – Porto Velho) e BR-174 – (Manaus -BoaVista), por navios da Marinha, e aviões da FAB, que tinham um limite de 5 mil metros cúbicos por viagem. As carretas possuiam uma capacidade maior de até 30 mil metros cúbicos e os navios transportavam tanques de 90 mil metros cúbicos.
Leia a nota na íntegra: