Autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó reapareceu em público e convocou passeatas até as principais unidades das Forças Armadas.

O autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, reapareceu em público nesta sexta (3), convocou passeatas até as principais unidades das Forças Armadas para este sábado (4) e pediu que sejam pacíficas.
“Se encontrarmos um piquete, não tentaremos passar. Vamos entregar uma mensagem, convidar os militares a se juntarem ao movimento de mudança”.
Juan Guaidó disse que há uma divisão completa das Forças Armadas venezuelanas e afirmou: “Os militares não querem mais Maduro, mas existe uma evidente perseguição, existe medo. Ainda falta caminho a ser percorrido e a ação da última terça-feira não foi militar. Foi uma ação de descontentamento social generalizado e estamos numa transição à democracia”.
Guaidó não negou que ministro da Defesa de Maduro esteja envolvido em negociações e disse: “Dar precisões neste momento não seria produtivo para a nossa causa”.
Ele também foi questionado sobre declarações de autoridades brasileiras. Na quinta-feira (2), o vice Hamilton Mourão disse que não sabia quais eram os dados que Guaidó tinha, mas que, olhando naquele momento, julgava que o venezuelano não tomou a melhor decisão ao iniciar o movimento.
Guaidó respondeu: “Nós não podemos dar toda a informação porque estamos numa ditadura, muitas coisas estão acontecendo neste momento e continuamos construindo a operação liberdade”.
Também na entrevista, declarou: “Hoje a Venezuela tem um dilema existencial entre vida e morte, e a morte é Maduro”.
Outra liderança de oposição, Leopoldo López, continua abrigado como hóspede na residência do embaixador espanhol em Caracas. Mas nesta sexta (3), o ministro interino das Relações Exteriores da Espanha disse que não vai deixar que a embaixada vire um centro de atividade política.
Numa nova entrevista, López afirmou que pessoas do círculo mais próximo de Nicolás Maduro têm interesse de que ele deixe o poder e também defendeu uma estratégia sem violência.
“Não queremos fazer com os nossos adversários o mesmo que eles fizeram conosco”, disse López.
Luis Alejandro sobreviveu a um dos confrontos mais violentos, quando um blindado da Guarda Nacional Bolivariana atropelou um grupo de manifestantes em Caracas. Ele contou que tentou escapar, mas que o veículo avançou em alta velocidade.
“Quando ele passou por cima de mim, eu só me lembro da escuridão”.
Ele não teve feridas graves e se recupera em casa. Disse que vai não perdeu a vontade nem a coragem de lutar contra o governo. Acredita que Maduro não vai resistir à pressão.
Nas redes sociais, Nicolás Maduro agradeceu ao que ele chamou de patriotismo e lealdade dos soldados venezuelanos.
Grupo de Lima, que apoia Guaidó, quer Cuba em solução para Venezuela

O Grupo de Lima, formado por 14 países das Américas e criado em 2017 para buscar uma solução para a crise da Venezuela, se reuniu nesta sexta-feira (3) na capital peruana. A declaração final só não foi assinada por México, Guiana e Santa Lúcia.
O grupo reafirmou o apoio a Juan Guaidó. Também condenou a repressão do regime de Nicolás Maduro, que chamou de ilegítimo e ditatorial e declarou que vai tomar as providências necessárias para que Cuba participe da busca de uma solução para a Venezuela.
Os protestos também provocaram uma troca de farpas, durante a semana, entre os Estados Unidos, que apoiam Juan Guaidó, e a Rússia, aliada de Nicolás Maduro. Nesta sexta, o presidente americano, Donald Trump, foi na contramão do que disseram o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, que acusaram a Rússia de interferência para manter Maduro no poder.
Trump falou por telefone com o presidente russo. Ele disse que Vladimir Putin não parece nem um pouco interessado em se envolver na Venezuela, a não ser em querer que alguma coisa positiva aconteça no país.
Conflito na Venezuela deixa cinco mortos desde terça (30), diz ONU

Cinco pessoas morreram nos protestos na Venezuela desde terça-feira (30), segundo as Nações Unidas. Quase 240 ficaram feridas.
A situação na Venezuela continua tensa entre os protestos de opositores e apoiadores de Nicolás Maduro, segundo a ONU. Pelo terceiro dia seguido, venezuelanos foram às ruas nesta quinta-feira apoiar o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó e o próprio Maduro, que buscaram nos últimos dois dias medir suas forças por meio de manifestações.
Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, convocou “greves escalonadas” . Maduro, por sua vez, reconheceu que o regime precisa “urgentemente” de retificações e conclamou os venezuelanos a projetar “um grande plano de mudança”. Já Leopoldo López, que está abrigado com diplomatas espanhóis, desafiou Maduro e disse que espera “mais movimento do setor militar”.