
Manifestantes ocuparam parte da Avenida Paulista protestando contra o governo federal
Quem diria até a velha e boa União Nacional dos Estudantes (UNE) acordou depois de um longo tempo longe das ruas e resolveu pegar uma carona nas manifestações estudantis que movimentou quase 200 cidades brasileiras contra o bloqueio nos recursos para a educação, nesta quarta-feira, que ainda teve o ministro da Educação se explicando, na Câmara, em Brasília, e o presidente Bolsonaro chamando os estudantes de “imbecis e idiotas úteis”.
, Assim foi a quarta-feira de movimentos por ao menos 192 cidades do Brasil, segundo levantamento do G1. Foi nesse clima que universidades e escolas aproveitaram o embalo e fizeram paralisações, após a convocação de uma greve de um dia por parte de entidades ligadas a sindicatos, movimentos sociais e estudantis e partidos políticos.
Os atos foram pacíficos e foram às primeiras manifestações vivenciadas pelo governo Jair Bolsonaro, pouco mais de quatro meses após ele ter tomado posse. Em Dallas (EUA), onde se encontra em viagem oficial, Bolsonaro classificou os manifestantes de “idiotas úteis e imbecis”. Mais tarde, por meio do porta-voz Otávio Rêgo Barros, disse que as manifestações são “legítimas e democráticas, desde que não se utilizem de violência, nem destruam o patrimônio público”.
Nas principais capitais como São Paulo, manifestantes chegaram a ocupar mais de dois quarteirões da Avenida Paulista e fizeram uma passeata até a Assembleia Legislativa (Alesp), onde o ato se dispersou com tranquilidade. No Rio, o protesto se concentrou na região da Candelária e, durante o encerramento do evento, terminou em confusão na Avenida Presidente Vargas por volta das 20h. Houve protestos ainda em Salvador, Brasília, Natal, Pernambuco e em outras capitais.
Entenda como tudo começou
O estopim para as manifestações foram às declarações do ministro da Educação Abraham Weintraub. Numa entrevista ao Estado de São Paulo, ele anunciou que universidades federais que promovessem “bagunça” ou “evento ridículo” teriam até 30% de seus recursos bloqueados.
Disse ele na ocasião: “Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”.
Ainda segundo Weintraub, a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) já haviam sido alvo de cortes e outras poderiam sofrer com o bloqueio se adotassem o mesmo comportamento. Na ocasião, ele deu exemplos do que considerava “bagunça”: “Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus”.
No dia seguinte à publicação da entrevista, diante da repercussão negativa das declarações do ministro, o MEC recuou da decisão de penalizar somente algumas universidades que promovessem “bagunça” e afirmou que o mesmo contingenciamento planejado seria estendido a todas as universidades federais do País. O bloqueio, de acordo com o ministério, seria preventivo e necessário diante do contingenciamento de recursos estabelecido pelo governo e que atingiu toda a Esplanada.
A decisão de bloquear 30% das verbas discricionárias de todas as universidades aumentou a contrariedade de reitores e estudantes, insatisfeitos com a postura do governo. O presidente Jair Bolsonaro havia dito pelo Twitter dias antes do anúncio de corte de verbas “por balbúrdia” que o governo iria “descentralizar” recursos para áreas de humanas, como filosofia e sociologia, em universidades. Segundo ele, a ideia partira de Weintraub e o objetivo era “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”, como Veterinária, Engenharia e Medicina.


