Símbolo da pujança da economia da cidade e de uma era, o Tropical Hotel Manaus está fechado, após 42 anos de atividades. Único a ter o status de cinco estrelas da capital amazonense, o estabelecimento agoniza a beira de um fim melancólico: teve a luz cortada pela operadora de energia e fechou as portas, literalmente.
Na manhã desta quinta-feira (16), dirigentes do empreendimento se reuniram com a direção da Amazonas Energia para negociar uma saída para a conta de luz no valor de R$ 20 milhões. Enquanto isso reservas estão sendo canceladas e os hóspedes remanescentes estão recebendo o seu dinheiro de volta ou realocados em outros hotéis da cidade.
“Estamos avaliando alternativas e provavelmente antecipando o projeto de mudança da nossa matriz energética para resolver esse problema”, disse o porta-voz do Tropical, Paulo Roberto Pereira, sem dar detalhes do projeto.
Ainda segundo o porta-voz do hotel, a direção do Tropical não concorda com o valor da conta de luz apresentada pela concessionária de energia. Disse que a energia foi cortada de modo que não há como religar a luz e o abastecimento atual é precário funcionando “às vezes, indo e vindo”.
A previsão é que o hotel possa voltar a funcionar dentro de 15 a 30 dias, segundo o porta-voz. Tempo necessário para corrigir os estragos provocados pela situação em que se encontra, mas que pode impactar nas atividades do estabelecimento deixando marcas profundas na sua credibilidade.
Uma história
Representante dos tempos áureos da Zona Franca de Manaus, quando turistas de outros estados brasileiros vinham comprar produtos importados para revender nas suas cidades de origem, e de estrangeiros que desembarcavam para conhecer as belezas naturais da região conduzidos em ônibus do próprio hotel, hoje a propriedade está longe dos bons tempos.
Construído às margens do Rio Negro em estilo colonial, o hotel já hospedou celebridades como reis, imperadores, chefes de Estado, ministros, embaixadores e presidentes de repúblicas. Na sua programação já teve shows com grupos de sucesso nacional como RPM, Kid Abelha e Para-lamas do Sucesso, além do tradicionalíssimo “Baile do Havaí”, um ícone do Carnaval amazonense, que mobilizava os foliões da cidade.
O hotel com mais de 600 apartamentos tinha uma infraestrutura própria com um mini-shopping de lojas com marcas consagradas com a H. Stern, empresa de turismo. A estrutura tinha ainda diversas atividades para diversão, um espaço amplo para caminhadas, quadras de tênis, saunas, visitas monitoradas ao zoológico – com 22 espécies de animais vivos – o restaurante Tucano, Bar Aquático e o Lobby Bar para almoços rápidos ou confraternizações familiares com iguarias Brasileiras e especialidades internacionais. No restaurante do hotel era realizada a tradicional feijoada aos sábados, ponto de encontro das famílias manauaras e concorridos eventos gastronômicos. A “Boate Tropical” também foi um ponto de referência na juventude de muita gente que frequentava o local nos seus melhores momentos.
