Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina, enfrenta o banco dos réus pela primeira vez nesta terça-feira (21), em Buenos Aires. Na audiência, que começou por volta das 12h (horário de Brasília), ela responderá a acusações de corrupção em contratos durante o período em que esteve no poder, de 2007 a 2015.
O julgamento intriga a Argentina porque o país está a menos de seis meses da eleição presidencial. Cristina, inclusive, desistiu de concorrer como cabeça de chapa para disputar o cargo de vice. Ela estava em primeiro nas pesquisas de intenção de voto, desbancando o atual presidente, Mauricio Macri.
A acusação afirma que Cristina e seu marido Néstor, falecido em 2010, foram chefes de uma associação criminosa para se apoderar de forma deliberada de milionários fundos públicos.
Para a promotoria, Cristina liderou uma associação ilícita durante seu mandato e fraudou licitações para direcionar 52 obras, que totalizam quase US$ 1 bilhão, para o empresário Lázaro Báez no estado de Santa Cruz, onde os Kirchner começaram sua carreira política.
Cristina Kirchner diz que julgamento de corrupção é “cortina de fumaça” política
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner, chamou o processo de “cortina de fumaça” política com a intenção de afetar sua candidatura a vice-presidente nas eleições deste ano.
O julgamento abordará diversas alegações de corrupção que datam dos dois mandatos de Cristina como presidente, entre 2007 e 2015, incluindo acusações de que recebeu subornos de construtoras para conceder projetos pelos quais o Estado pagou valores exorbitantes.
As alegações, que Cristina nega com firmeza, podem lançar uma sombra sobre a nova iniciativa da política polarizadora agora que ela tenta conquistar a ala mais moderada da oposição peronista para enfrentar o presidente de centro-direita Mauricio Macri nas eleições de outubro.
Cristina, atualmente senadora com seguidores fervorosos, foi ao Twitter antes do julgamento e disparou contra seus acusadores e contra Macri, e se defendeu das alegações.
“Claramente não é sobre justiça”, escreveu. “Apenas sobre a criação de uma nova cortina de fumaça que visa distrair os argentinos e a Argentina –cada vez com menos sucesso– da dramática situação em que vivem nosso país e nosso povo.”
A ex-presidente chocou a nação no sábado ao dizer que disputará a vice-presidência ao lado do ex-chefe de gabinete Alberto Fernández, político veterano que tanto a apoiou como a criticou no passado.
Peronista militante de esquerda, Cristina era vista como a principal concorrente de Macri.
As acusações contra ela podem lhe render uma pena de até 10 anos de prisão, caso seja considerada culpada de liderar um esquema de corrupção que fraudou o Estado em milhões de dólares.
Na condição de senadora, porém, ela tem imunidade contra uma prisão.