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Minas de potássio do Amazonas podem suprir dependência do Brasil de fertilizantes russos


O governador do Amazonas, Wilson Lima, recebe informações dos planos para produção de fertilizante no estado

Embora importe 95% do que consome (cerca de 80% da Rússia), o Brasil possui a sétima maior reserva de potássio do mundo e algumas minas estão no Amazonas, que podem extrair o mineral até a 650 metros de profundidade e suprir 25% da demanda nacional da matéria-prima usada na produção de fertilizantes para o agronegócio brasileiro.

A 113 km de Manaus, no município de Autazes, às margens do Rio Madeira, está uma das maiores minas, que tem projeto em andamento pela empresa Potássio do Brasil com capacidade de produzir de 2 e 4 milhões de toneladas de Cloreto de Potássio (KCl) por ano.

Em Autazes, o minério pode ser encontrado a profundidades entre 650m a 850m, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1200m. Mas o início das atividades depende do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), que recomendou ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) o cancelamento da licença prévia da mineradora, devido a terra indígena próxima a oito km da mina.

Em Itapiranga, próxima do Rio Amazonas, a mesma empresa já prospectou depósitos com potencial que superam as reservas de Autazes. O Projeto Potássio Itapiranga possui vantagens como proximidade com a linha de transmissão de Tucuruí-Manaus, ao Campo de Gás Natural Azulão (em construção), insumos importantes para a produção do fertilizante de potássio.

Reservas do mineral também foram identificadas em outros municípios amazonenses. De acordo com o Informe Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil – Área Bacia do Amazonas -, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara.

São reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Nhamundá, que estão estão posicionadas entre duas hidrovias importantes, a dos rios Madeira e Amazonas. Por rodovia, o minério pode chegar ao mercado consumidor do Centro-Oeste através das BR-163 (Santarém-Cuiabá) e BR-364 (Porto Velho-Cuiabá).

A construção do complexo na bacia do Rio Madeira é estratégica para produtores de soja dos estados de Mato Grosso e Rondônia, na Amazônia Legal.

As balsas que hoje seguem carregadas de grãos pelos rios Madeira e Amazonas com destino aos portos da região Norte, de onde são exportados para Europa e China, voltariam aos estados produtores já cheias de fertilizantes.

Plano nacional

Com este potencial reconhecido pelo Ministério da Agricultura, Autazes fará parte de um plano nacional de exploração, que teve a sua implantação abreviada pela guerra Rússia x Ucrânia, apesar dos aspectos judiciais do MPF/AM.

De acordo com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, Autazes possui uma mega jazida de potássio, principal insumo para a produção de fertilizantes. Para o governo federal, a exploração seria suficiente para suprir 25% de toda a necessidade brasileira.

“No passado, a decisão tomada era de importar, que era mais barato e deve ser mesmo, até hoje. Mas o Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar. Então, agora, esse plano que nós fizemos há um ano atrás, sem prever nada disso, era o que o governo pensava que deveríamos ter para que o Brasil, uma potência agroalimentar, tivesse um plano de pelo menos 50% ou 60% de produção própria de seus fertilizantes”, disse a ministra tranquilizando os brasileiros de que o país tem reservas até outubro e que, por enquanto, não somos afetados pela guerra.

O novo programa deve ser anunciado até o dia 17 de março e vai conter soluções para a adequação de leis, questões tributárias e licenças ambientais que permitirão uma maior exploração de fertilizantes no Brasil, conforme o ministério.

Autoridades locais aproveitam o momento favorável para discutir melhorias na infraestrutura do município, prevendo um crescimento na economia local devido o plano.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, esteve no município na última quinta-feira (3), quando Autazes completou 66 anos, onde anunciou investimentos na educação, segurança e infraestrutura na região.

“Nós estamos trabalhando com as licenças ambientais com a nossa secretaria de planejamento. Nós precisamos superar algumas questões de ordem jurídica, a questão de consulta junto aos povos indígenas”, comentou o governador sobre o envolvimento do Estado no plano nacional.

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