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Confronto com polícia de Israel em Jerusalém deixa 152 palestinos feridos

Pelo menos 150 palestinos ficaram feridos em confrontos com a tropa de choque israelense dentro da Mesquita de al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, palco de quatro horas de embates nesta sexta-feira. Três policiais israelenses também ficaram feridos nos confrontos e centenas de palestinos foram detidos.

A maioria dos ferimentos foi causada por balas de borracha, granadas de efeito moral e espancamentos com cassetetes, de acordo com o Crescente Vermelho palestino.

Em um comunicado, a polícia israelense disse que centenas de palestinos atiraram fogos de artifício e pedras contra seus agentes e em direção à área de oração judaica próxima do Muro das Lamentações, após as orações matinais do feriado muçulmano do Ramadã. A nota diz que a polícia entrou na Mesquita de al-Aqsa para “dispersar e repelir [a multidão] e permitir que o restante dos fiéis deixasse o local com segurança”.

“Estamos trabalhando para restaurar a calma, no Monte do Templo e em Israel. Além disso, estamos nos preparando para qualquer cenário e as forças de segurança estão prontas para qualquer tarefa”, disse o premier israelense, Naftali Bennett, usando o nome judaico para a Esplanada.

A escalada de violência ocorre no auge do Ramadã e às vésperas da Páscoa judaica, que também coincide com a Semana Santa para os cristãos, alimentando as tensões nos locais sagrados em Jerusalém. O Complexo de al-Aqsa fica na Esplanada das Mesquitas, no topo da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, área ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e posteriormente anexada. O lugar é o mais sagrado do judaísmo e o terceiro mais sagrado do Islã, atrás da Grande Mesquita de Meca e da Mesquita do Profeta em Medina, na Arábia Saudita.

A tensão em Jerusalém — que em maio de 2021 resultou em uma guerra de 11 dias entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza — volta a aflorar após semanas de atentados em Israel e incursões israelenses na Cisjordânia ocupada.

Desde março, Israel sofreu um total de quatro atentados, os dois primeiros perpetrados por árabes israelenses ligados à organização jihadista Estado Islâmico (EI) e os dois últimos por palestinos da região de Jenin. Os ataques deixaram um total de 14 mortos.

Desde 22 de março, as Forças armadas israelenses mataram 20 pessoas na Cisjordânia, a grande maioria civis. Há uma semana, em 8 de abril, após um ataque a tiros que deixou três mortos em Tel Aviv, o  premier Natfali Bennett deu o que chamou de “liberdade de ação” às suas forças de segurança.

“Estamos concedendo liberdade total ao Exército, ao Shin Bet [serviço de inteligência interna] e a todas as forças de segurança para derrotar o terror”, afirmou ele na ocasião.

Na última quarta-feira, um advogado e dois jovens palestinos foram mortos em incidentes separados na Cisjordânia. Na quinta, mais três palestinos foram mortos.

O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que administra algumas áreas da Cisjordância desde os Acordos de Oslo, nos anos 1990, disse que “considera Israel total e diretamente responsável por este crime e suas consequências”. O Hamas também afirmou que Israel  “é responsável pelas consequências”.

“É necessária uma intervenção imediata da comunidade internacional para impedir a agressão israelense contra a Mesquita de Al-Aqsa e evitar que as coisas saiam do controle”, disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.

A Jordânia condenou a invasão da polícia israelense ao complexo muçulmano como “uma violação flagrante”. A família hachemita governante da Jordânia é a guardiã dos locais sagrados muçulmanos e cristãos em Jerusalém Oriental. Israel reconheceu o papel hachemita como guardião da Mesquita de al-Aqsa como parte do tratado de paz de 1994 entre os dois países, embora mantenha o controle militar sobre o local.

No ano passado, os confrontos entre palestinos e policiais israelenses durante o mês do Ramadã foram causados por iniciativas de Israel para despejar famílias palestinas do setor árabe de Jerusalém. A guerra que se seguiu matou mais de 250 palestinos em Gaza, dos quais 191 civis, e 13 civis em Israel, atingidas por foguetes lançados pelo Hamas.

Fonte: O Globo

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