Primeira entrevista da série com presidenciáveis foca mais no passado do candidato do que na plataforma de governo para solucionar problemas atuais como o crescimento econômico, a fome, desemprego, segurança pública, infraestrutura, transporte e educação

Quem esperava fortes emoções na entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Jornal Nacional desta segunda-feira (22) acabou frustrado. Centrão, compra de vacinas, jacaré, meio ambiente e golpe de estado foram os temas dos 40 minutos da conversa entre o candidato à reeleição e os apresentadoes Willian Bonner e Renata Vasconcelos.
O clima de tensão na mesa-redonda foi mostrado com o plano fechado das câmeras que deixavam uma imagem do presidente acuado, chamado de “candidato” pela dupla de jornalistas. Numa sessão de ataque e defesa, “o candidato” por diversas vezes interrompeu os apresentadores para se justificar.
A entrevista aumentou a audiência média do Jornal Nacional em São Paulo em cerca de 25%, segundo dados preliminares obtidos pela coluna do jornalista Ricardo Feltrin, do site UOL.
A medição da audiência feita pela empresa Kantar Media registrou entre 20h31 e 21h11, horário da entrevista, 32,3 pontos de média (46,3% de “share”), contra 24 e 24,5 pontos nas últimas noites. O pico da entrevista de Bolsonaro foi de 37 pontos.
Na segunda da semana passada, a média foi de 26,5 pontos. Cada ponto vale por cerca de 78 mil domicílios. A maior audiência do “JN” este ano aconteceu no último dia 3 (27,8 pontos), mas isso foi uma média geral, enquanto os números de hoje se referem apenas aos 40 minutos da entrevista. Quando a entrevista acabou, o ibope caiu para 25 pontos, a média “normal” do telejornal da Globo.
A entrevista também movimentou as redes sociais com grupos de lulopetistas criticando o presidente e bolsonarista atacando a Rede Globo, alguns viraram memes.
Ainda durante a entrevista, lulopetistas organizaram manifestações e foram registrados panelaços em capitais como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Aracaju, Salvador, Porto Alegre, Recife e Belém.
“Fake news”
Na primeira pergunta Bolsonaro já respondeu afirmando que era uma fake news, que ele teria xingado um ministro do Supremo Tribunal Federal, como realmente chegou a fazê-lo. “Primeiro, você não está falando a verdade quando fala “xingar ministro”, não existe. É um fake news da sua parte”, disse o presidente para Willian Bonner.
“Eu quero é transparência nas eleições, vocês com toda a certeza não leram o inquérito de 2018 da PF que está inconcluso. Se você pode botar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não? Esse é o objetivo disso que eu tenho falado sobre o TSE. Em 2014, tivemos eleições. No segundo turno, o PSDB duvidou da lisura das eleições e contratou uma auditoria e a conclusão da auditoria foi que as urnas são inaditáveis”, afirmou.
O presidente voltou a alegar que “hackers ficaram por 8 meses dentro do TSE com senhas de ministro e senha de outros 5 servidores”. “A PF pediu logs do que ocorreu nas eleições o TSE podia ter informado no mesmo dia, mas sete meses o TSE informou que os logs haviam sido apagados. A grande interrogação é essa. Nós queremos evitar que dúvidas pairem nas eleições deste ano, nada mais além disso.”
O jornalista voltou a insistir no tema do xingamento e lembrou Bolsonaro da ocasião ele chamou um dos ministros “canalha”. Bolsonaro disse que tem sido perseguido, mas que a relação com o TSE e STF está “pacificada”.
“Foi um ministro em específico. Tá refeita a dúvida? Quem vem sendo perseguido o tempo todo por um ministro do Supremo sou eu. Um inquérito completamente ilegal e as medidas que vinham sendo tomadas por esse ministro, eram contestadas. Lá atrás, a procuradora Raquel Dodge deu parecer para que esse inquérito deixasse de existir e continua existindo e a temperatura subiu. Hoje em dia, pelo que tudo indica, está pacificado espero que seja uma página virada”, disse o presidente.
“Até você deve ter visto, por ocasião da posse de Moraes, um contato amistoso lá, e, pelo que tudo indica está pacificado e quem vai decidir essa questão de transparência ou não, serão em parte as Forças Armadas que foram convidadas a participar do grupo das eleições.”
Bolsonaro afirmou que haverá eleições “limpas e transparentes”, mas que “precisou provocar para que se chegasse a este ponto”. “Podem ter certeza de que terão eleições limpas e transparentes no corrente ano”, afirmou.
Depois de Bolsonaro, o Jornal Nacional receberá Ciro Gomes (PDT), na terça-feira (23); Lula (PT), na quinta-feira (25); e Simone Tebet (MDB), na sexta-feira (26).