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Lula falta segundo debate e Bolsonaro chama de ‘fujão’

O presidente fez questão de destacar a ausência de Lula, que não foi ao debate. Para ampliar o caráter negativo da ausência, ele chamou Lula de “fujão” por diversas vezes

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Candidato petista Lula da Silva não foi ao debate contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) promovido pela Rede Record ontem à noite (23), o segundo em três dias – na sexta-feira (21) também deixou de ir ao da CNN/SBT, Estadão/Eldorado, Veja, Rádio Nova Brasil e Terra.

O debate virou entrevista e Bolsonaro usou a sabatina da TV Record para criticar Lula por não comparecer, além de buscar se afastar do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), preso por ordem de Alexandre Moraes.

O candidato à reeleição chegou à sede da emissora em São Paulo uma hora e meia antes da entrevista e decidiu falar sobre a questão mais importante do dia: seu relacionamento Jefferson, que feriu dois policiais federais que tentavam cumprir uma ordem de prisão.

Antes de entrar no estúdio, Bolsonaro fez um pronunciamento e afirmou que “não tem amizade” com o ex-deputado federal. Ressaltou ainda que, no mês passado, Jefferson entrou com queixa-crime contra ele na Justiça Militar.

“Não tem nada de amizade, tanto é verdade que agora em meados de setembro ele entrou com uma queixa-crime no Superior Tribunal Militar contra minha pessoa e do senhor ministro da Defesa por prevaricação. Ou seja, quem me processa não pode alguém achar que é meu amigo”, afirmou também durante a entrevista.

Conforme publicado pelo site The Intercept, Jefferson acionou a Justiça Militar em setembro contra o presidente e o ministro da Defesa, o general do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. O ex-deputado acusou os dois de prevaricação por não terem insistido para que o Senado apreciasse o pedido de impeachment de Moraes.

Bolsonaro repetiu na sabatina que determinou que Jefferson fosse tratado como “bandido” por ter atirado em policiais federais — ele já havia dito isso em vídeo sobre a prisão do ex-parlamentar publicado nas redes sociais.

“Tão logo tomei conhecimento, foi feito o contato com o ministro da Justiça, que é um delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, para que ele acompanhasse o caso, se deslocasse para perto do episódio”, afirmou.

“Disse para ele [ministro] que o tratamento dispensado ao senhor Roberto Jefferson deveria ser o de bandido, porque quem atira em policial, bandido é”.

Ele ainda lembrou da relação de Roberto Jefferson com o Partido dos Trabalhadores e destacou que Lula “sempre tratou bem” o ex-deputado federal, que foi aliado, mas depois delatou todo o esquema de corrupção na Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato.

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“Nós não passamos pano pra ninguém, diferentemente do Lula, que, quando Roberto Jefferson delatou o Mensalão, delatou inclusive José Dirceu, o Lula simplesmente passou pano pra tudo isso.”

O presidente prestou solidariedade aos policiais e à ministra do STF Cármem Lúcia.

“Quero deixar bem claro: repudio também a maneira como Roberto Jefferson se referiu à senhora ministra Cármen Lúcia. Nenhuma mulher deve ser tratada dessa maneira”, disse Bolsonaro.

Uma das primeiras perguntas do âncora do debate, Eduardo Ribeiro, foi sobre a prisão de Jefferson. O presidente respondeu na mesma linha do que já havia falado antes de entrar no estúdio.

“Nós [ele e Roberto Jefferson] não somos amigos, nós não temos relacionamento, e tratamento para pessoas que são corruptas ou agem dessa maneira como Roberto Jefferson agiu, xingando uma mulher e também recebendo à bala policiais, o tratamento que será dispensado pelo governo Jair Bolsonaro será de bandido.”

O presidente fez questão de destacar a ausência de Lula, que não foi ao debate. Para ampliar o caráter negativo da ausência, ele chamou Lula de “fujão” por diversas vezes.

Em algumas ocasiões que a falta de Lula era mencionada, eram mostradas imagens o púlpito vazio do candidato ausente. Também foi ressaltado no começo e fim de cada bloco que o petista não compareceu.

Somente no primeiro bloco foram 22 citações nominais ao petista e sete “fujões”. O candidato à reeleição encontrou uma maneira de reclamar da falta de Lula até mesmo em uma pergunta sobre o Pix. No restante da sabatina, a frequência diminuiu —no total, foram 28 citações do nome do petista.

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