
O ex-vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (PR) criticou a prisão, pela Polícia Federal, de cerca de 1.200 pessoas, entre idosos, crianças e mulheres que estavam acampadas no QG do Exército em Brasília. O grupo foi detido por ordem de Alexandre de Moraes após as invasões dos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. Para Mourão, há desumanidade na medida.
“A detenção indiscriminada de mais de 1.200 pessoas, que hoje estão confinadas em condições precárias nas instalações da Polícia Federal em Brasília, mostra que o novo governo, coerente com suas razíes marxistas-leninistas, age nde forma amadora, desumana e ilegal”, disse Mourão, completando: “O Brasil e as pessoas detidas esperam ações rápidas dos nossos parlamentares em mandato e das verdadeiras entidades ligadas aos Direitos Humanos.
No total, quase 1.500 pessoas foram presas entre a noite de domingo (8) e a manhã de segunda-feira (9). Dessas, mais de 200 foram detidas no domingo, em flagrante, nos locais das invasões. As outras 1.200 foram detidas no QG no dia seguinte, quando houve a ordem de desmobilização dos acampamentos.
Ginásio da PF

Falta de informação sobre a tipificação dos crimes cometidos, prisões em flagrante, crianças no pátio, idosos com problemas de saúde, alimentação precária.
As prisões foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
É esse o cenário descrito por advogados que visitaram as milhares de pessoas presas no ginásio da Polícia Federal, em Brasília, depois das manifestações no final de semana — que degeneraram em vandalismo.
Cerca de 700 pessoas ainda estão detidas na Academia Nacional da Polícia Federal. A maioria estava acampada em frente ao quartel-general do Exército há dois meses e foram retiradas do local ontem.
Segundo o advogado Claudio Caivano, os idosos com mais de 60 anos com comorbidades foram liberados na manhã de ontem (10) depois de prestarem depoimentos. As crianças foram entregues ontem à noite aos responsáveis da família ou para conselho tutelar.
“Os agentes realizam uma triagem com perguntas que chegaram do STF”, disse Caivano. “Os demais, abaixo de 60 anos, estão sendo enquadrados no inquérito 4.879, dos atos antidemocráticos. Eles também devem assinar uma nota de culpa que vem do Supremo. Em seguida, são levados para o presídio da papuda ou da colmeia, que é o feminino.”
De acordo com Caivano, juridicamente, a situação é desesperadora. “Não há individualização de conduta. Não tem justiça no Brasil”, afirmou. “Isso aqui é o ápice. Não estamos mais em 1800. As pessoas de depredaram patrimônio público devem ter suas condutas individualizadas, mas as pessoas que não tiveram nada a ver com isso devem ser liberadas”, disse ele a reportagem da revista Oeste.