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Jornalista americano diz que Brasil passa por regime de censura

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O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, saiu em defesa do deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) e de outros parlamentares e jornalistas que perderam suas redes sociais por decisão de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele usou suas redes sociais neste sábado (14) para denunciar os ataques que vem sofrendo por produzir reportagens críticas a Moraes.

Poucas horas após a decisão de Moraes, Greenwald entrevistou em seu canal na plataforma Rumble – usado por jornalistas para fugir da censura do YouTube – o podcaster Monark, uma das personalidades que tiveram perfis retidos na internet — o deputado federal Nikolas Ferreira e a influenciadora digital Bárbara Destefani, do canal Te Atualizei, que também foram punidos.

O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, saiu em defesa do deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) e de outros parlamentares e jornalistas que perderam suas redes sociais por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Em seu programa voltado para os Estados Unidos chamado System Update, no Rumble, ele resolveu falar sobre as decisões de Moraes sobre cancelar o acesso de algumas pessoas às redes sociais.

“O regime de censura no Brasil está crescendo rapidamente, praticamente diariamente agora. Acabamos de obter uma ordem de censura que é genuinamente chocante, instruindo várias plataformas de mídia social a remover imediatamente vários políticos e comentaristas proeminentes”, disse.

Em parte do programa, ele falou sobre a votação expressiva que o parlamentar mineiro teve nas eleições de outubro, quando foi eleito com mais de 1,4 milhão de votos. Nikolas Ferreira foi o deputado federal eleito com o maior número de votos da história de Minas Gerais.

Mesmo estando do lado oposto como jornalista de esquerda, Greenwald falou que Moraes calou um parlamentar sem ter um processo ou um julgamento sobre o assunto.

– Nikolas Ferreira, alguém com quem eu discordo em algumas coisas, mas concordo sobre o mal da censura (…) E agora, por uma ordem da Suprema Corte, apesar de não ter julgamento, a princípio, sem receber qualquer notificação, ele foi banido de aparentemente todas as redes sociais que tem qualquer audiência – denunciou.

A reportagem está disponível apenas em inglês no Rumble, uma rede social de compartilhamento de vídeos que está sendo utilizada por jornalistas que temem a censura do Youtube.

Liberdade de imprensa

Ele defende a liberdade de expressão deve ser irrestrita. Identificado com a esquerda no Brasil e casado com um político do PDT (o ex-deputado federal David Miranda), o jornalista esteve no centro das atenções quando liderou o Intercept durante a série de reportagens que ficou conhecida como Vaza Jato.

Por causa das reportagens de Greenwald e sua equipe com acessos a conversas do Telegram entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava-Jato, o STF decidiu que Moro agiu com parcialidade nas ações contra Lula, que suspendeu a condenação em três instâncias do judiciário brasileiro e ele saiu da prisão.

Greenwald já declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofre censura nas redes sociais e hoje ele se tornou um dos mais notórios críticos de Alexandre de Moraes.

Ataques da esquerda

Pelo Twitter, o jornalista afirmou que tem sofrido ataques de lulopetistas, que tem usado a doença de seu companheiro, o deputado federal David Miranda (PDT-RJ).

– Uma grande parte suja da esquerda não debate. Usaram meu marido para me atacar – desde teorias conspiratórias sobre sua doença até usar os sites de fake news criados sobre David por Oswaldo Eustáquio durante a #VazaJato – até o ponto de o nome dele entrar no TT e ficou. Não eram trolls mas um grupo grande de esquerdistas – escreveu.

“Existe agora, ou já existiu, uma democracia moderna onde um único juiz exerce o poder que Alexandre de Moraes possui no Brasil?”, interpelou Greenwald, ao compartilhar um artigo do jornal O Globo, na terça-feira 10.

“Não consigo pensar em nenhum exemplo sequer. Uma das maiores ironias da extraordinária popularidade de Moraes entre a mídia corporativa e a esquerda, foi que ele serviu como ministro da Justiça, e depois foi indicado para o STF por um presidente amplamente considerado não só ilegítimo, mas ‘golpista’.”

Perigoso e autoritário

Glenn afirmou que sua causa “não é um partido”, mas “o mal da punição estatal sem processo justo” e os perigos de explorar o medo para “justificar poderes autoritários”. O jornalista também disse saber que “muitos jornalistas corporativos apoiam o que for popular”, mas que continuará criticando o sistema usado por Moraes.

– Os ataques a mim, David, nossa família, ameaças, etc. não nos impediram de fazer reportagens no passado, nem David se recusou a apoiar Lula no 1° turno. Acredito que o sistema que de Moraes usa é perigoso – autoritário – e continuarei a relatá-lo e criticá-lo, mesmo com ataques – completou em postagem nas suas redes sociais.

Veja a postagem de Glenn:

“Moro aqui [no Brasil] há 17 anos, então sabia que minhas reportagens e críticas ao [ministro Alexandre] de Moraes enfureceria grande parte da esquerda. Como disse o NYT [New York Times], a esquerda e a mídia corporativa se uniram para fazer dele seu novo Moro: o juiz-herói que salva a nação e, portanto, não pode ser criticado.

Mas uma grande parte suja da esquerda não debate. Usaram meu marido para me atacar – desde teorias conspiratórias sobre sua doença até usar os sites de fake news criados sobre David por Oswaldo Eustáquio durante a #VazaJato – até o ponto de o nome dele entrar nos TTs [Trending Topics] e ficou.

Não eram trolls, mas um grupo grande de esquerdistas, por isso o nome de David ficou a noite toda nos TTs. Pense em como as pessoas doentes, sociopatas e sem alma devem estar para usar o David para atacar minha reportagem. Mas isso é comum para essa facção.

Quanto ao conteúdo desta ordem de censura que divulguei e a falta de processo justo em geral: Como eu disse durante a #VazaJato, o teste de um sistema de poderes não é se apoia quando tá usado contra seus inimigos, mas quando é usado contra seus aliados e vc mesmo, como será.

Durante a #VazaJato, eu sempre disse: minha causa não é um partido. Minha causa são valores universais: a transparência jornalística, o mal da punição estatal sem processo justo, os perigos de explorar o medo (de corrupção ou bolsonarismo) para justificar poderes autoritários.

Não preciso de palestras sobre algumas partes da direita. Minha família era o principal inimigo. Os aliados de Moro tentaram me prender. Mas as “soluções” também podem ser perigosas: um sistema de censura, punição sem o devido processo, adoração de juízes como heróis e deuses.

Sei que muitos jornalistas corporativos apoiam o que for popular: Moro/LJ [Lava Jato], impeachment de Dilma, prisão de Lula, agora de Moraes. A Globo e o Estadão estão com vocês. Acho que a sociedade sobreviverá se alguns jornalistas independentes questionarem e discordarem dessa repressão.

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