O juiz Fabiano Verli, da Justiça Federal do Amazonas, manteve a prisão preventiva de Amarildo da Costa de Oliveira, o ‘Pelado’; Oseney da Costa de Oliveira, o ‘Dos Santos’; e Jefferson da Silva Lima, o ‘Pelado da Dinha’.
Eles são acusados de envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips, em junho de 2022.
O trio foi preso pela Polícia Federal em junho e agosto no Vale do Javari, no oeste do Amazonas, local onde as vítimas foram assassinadas.
Em julho, após Amarildo e Jefferson confessaram o crime e testemunhas apontarem a participação de Oseney, os três foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Na última terça-feira (17), ao manter a prisão preventiva do trio, Verli considerou a gravidade do crime.
Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas, sem qualquer possibilidade de defesa, o que também qualifica o crime, e Dom foi assassinado apenas por estar com Bruno, de modo a assegurar a impunidade pelo crime anterior.
“Não vejo qualquer ilegalidade ou mudança relevante do estado de coisas que implique a cessação desta medida cautelar. O crime é muito grave, um duplo homicídio qualificado envolvendo inúmeras testemunhas e situações numa terra erma, de modo que a possibilidade de não se manter à disposição da Justiça é tentadora e a periculosidade é manifesta”, disse Verli.
De acordo com o MPF, já havia registro de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal em território indígena.
O que motivou os assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido para Dom fotografar o barco dos acusados, o que é classificado pelo MPF como motivo fútil e pode agravar a pena.
Os outros três investigados (Jânio, Laurimar e Amarílio) foram presos em agosto, com dois irmãos de Amarildo: Otávio e Eliclei Costa de Oliveira. Eles são suspeitos de participar da ocultação dos corpos de Bruno e Dom.
Em outubro passado, Fabiano Verli determinou a transferência de Amarildo, Oseney, Jefferson e Rubens da Silva Villar para um presídio federal de segurança máxima. O magistrado apontou um “receio de queima de arquivo”.
O advogado Aldo Raphael de Oliveira, que representa os investigados, pediu a soltura deles em outubro. Ele alegou que acusados foram torturados, além de estarem sendo privados de alimentação adequada e banho de sol.
O juiz rejeitou o pedido.