
As chuvas históricas que atingem cidades do litoral de São Paulo desde sábado (18) já deixaram 37 mortos – 36 óbitos em São Sebastião e um em Ubatuba. A 37ª morte foi confirmada nesta segunda (20), por volta das 17h, pelo prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).
O total de pessoas fora de casa, desabrigadas ou desalojadas, chega a 2.496. Os desaparecidos somam 40, mas os números ainda devem aumentar, já que há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de construções que cederam.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em São Sebastião nesta segunda, acompanhados do prefeito.
O governador mais uma vez pediu que os turistas que estejam seguros não tentem voltar retornar para a cidade de São Paulo, já que há riscos e uma série de bloqueios em estradas. Ele afirmou, ainda, que a reconstrução das rodovias, afetadas por quedas de barreiras em diversos trechos, vai levar tempo.
“A grande via de deslocamento será a Rio-Santos e a Tamoios. A recuperação da Mogi-Bertioga vai levar um tempo maior, porque temos um trecho bastante erodido. A recuperação da Rio-Santos, de Boiçucanga em direção ao sul pode levar um tempo enorme, a gente não sabe nem dizer”, disse Tarcísio.
“A gente contabilizou mais de dez pontos de bloqueio. Em alguns pontos a gente não sabe exatamente o que sobrou da rodovia. É um volume de terra tão grande que se deslocou que a gente até levanta a hipótese de a rodovia ter sido arrastada junto, de não existir mais”, acrescentou. O gabinete do governador foi transferido temporariamente para São Sebastião.
Lula, por sua vez, afirmou que uma das prioridades do governo é recuperar a Rio-Santos. O presidente também pediu que a Prefeitura de São Sebastião indique um terreno seguro para construir moradias e transferir as pessoas que têm casas em área de risco.
As equipes de resgate, compostas por diversos órgãos, estão no segundo dia de buscas por sobreviventes e desaparecidos. No domingo, uma das resgatadas em São Sebastião foi uma mulher em trabalho de parto – ela e o bebê passam bem.
O trabalho de resgate das vítimas é feito por uma força-tarefa composta por mais de 500 agentes, entre servidores das forças de segurança e equipes de resgate do governo estadual, das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Prefeitura de São Sebastião e voluntários. Todos seguem empenhados para localização, resgate, salvamento e identificação das vítimas.
Os esforços no atendimento às vítimas começaram no domingo (19) e seguem de forma ininterrupta, com o apoio de 53 viaturas do Corpo de Bombeiros, dois cães especializados na busca de pessoas, 31 maquinários, sete helicópteros Águia do Comando de Aviação da Polícia Militar e outras duas aeronaves do Exército. Mais três helicópteros Águia deverão chegar ainda hoje para auxiliar nos trabalhos.
As operadoras de telefonia confirmaram no domingo, no final do dia, que os sistemas de telefonia e internet nas cidades do litoral norte sofrem com instabilidade porque as redes foram danificadas pelas chuvas, quedas de árvores e deslizamentos, o que dificulta ainda mais a situação.
Muitas pessoas que têm parentes e amigos, inclusive que foram passar o Carnaval nas regiões atingidas, estão aflitas por não conseguir contato.
Além da dificuldade de comunicação, a população também enfrenta desabastecimento de água, já que muitos sedimentos invadiram os pontos de tratamento, que precisaram ser interrompidos.
Segundo o governo do estado, as concessionárias trabalham para restabelecer os serviços essenciais o mais rápido possível.
Diversas rodovias tiveram sérios problemas estruturais causados por erosões, quedas de barreiras, deslizamentos e queda de árvores. A Defesa Civil estadual orientou a população a não se deslocar ao litoral norte até que a situação esteja controlada.
O recorde de chuva que atingiu o litoral norte de São Paulo desde sábado deixou um rastro de destruição e mortes, com dezenas de casas que solaparam, muita lama, e vias locais intransitáveis, o que também atrapalha as ações de resgate.
De acordo com a Defesa Civil do estado, além das mortes já confirmadas, o número de desalojados subiu para 1.730, e o de desabrigados, para 766.
De acordo com o governo paulista, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.
O Corpo de Bombeiros informou que recebeu, até a tarde de domingo, um número recorde de chamadas para socorro só para São Sebastião foram 481 solicitações.


