
O presidente Lula decidiu manter o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), no cargo, após encontro no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (6). O ministro viajou em avião da Força Aérea Brasileira para participar de leilões de cavalos e ainda receber diárias por isso, asfaltou uma estrada que liga a sua fazenda com orçamento secreto, conflito de interesses na atuação para beneficiar uma empresa privada suspeita, além de ter o pai como réu no assassinato de um agiota no Nordeste.
No Twitter, Juscelino afirmou que a reunião com Lula foi “muito positiva”. O ministro teve que se explicar sobre as diárias que teria recebido de forma indevida em janeiro, em um fim de semana que passou em São Paulo sem nenhum compromisso oficial.
“Sai há pouco do Palácio do Planalto, onde tive uma reunião muito positiva com o presidente @LulaOficial. Na ocasião, esclareci as acusações infundadas feitas contra mim e detalhei alguns dos vários projetos e ações do @mincomunicacoes. Temos muito trabalho pela frente!”, escreveu Juscelino.
O ministro é um dos três representantes do União Brasil na Esplanada. Com a manutenção dele no cargo, o presidente evita desgaste com o partido. A expectativa é que, a partir de agora, a legenda se empenhe na garantia de votos no Congresso para aprovação de matérias importantes para o governo, como a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal.
Juscelino assumiu a pasta em janeiro, em meio aos acordos políticos com partidos que ajudaram Lula a ser eleito em outubro. No Ministério das Comunicações, ele tem nas mãos um orçamento de R$ 3 bilhões.
Apesar da decisão de Lula de não demiti-lo após o escândalo das diárias, governistas ainda questionam se a nomeação de Juscelino foi a melhor escolha, não só pela polêmica envolvendo uso de dinheiro público, mas também pela avaliação de que ele não tem potencial de entregar uma quantidade de votos no Congresso que justifique o comando de um ministério tão importante.
Juscelino teria participado de leilões de cavalos de raça e festa temática no interior do estado nos dias 28 e 29 de janeiro, com hospedagem bancada pelo governo e voos de ida e volta para Brasília operados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Dinheiro foi devolvido
O caso foi exposto pelo jornal O Estado de São Paulo, na semana passada. Na quinta-feira (2), o Ministério das Comunicações informou que os valores relativos ao fim de semana foram devolvidos, mas negou que o ministro tenha cometido irregularidades.
As diárias recebidas nos dois dias em que ele participou apenas de eventos sem relação com o ministério somariam cerca de R$ 1,5 mil.