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ONU: diplomata russo diz que Brasília e Moscou estão juntas

Photo by Fabrice COFFRINI / AFP

O embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Gennady Gatilov disse nesta quarta-feira (26) que os governos de Vladimir Putin e de Luiz Inácio Lula da Silva querem uma “solução política” para a guerra na Ucrânia, caminho que não estaria sendo buscado pelas potências ocidentais.

Em entrevista coletiva de imprensa ele confirmou a aproximação entre os dois países. “Entendo que o Brasil é favorável a uma solução política. A Rússia também é favorável a isso. Mas sabemos muito bem quem está se opondo a essa solução política”, afirmou.

A solução política que Moscou tem sinalizado nos bastidores, porém, não conta com qualquer tipo de apoio nem dos europeus, nem de americanos e causa mal-estar também na cúpula da ONU.

Ela não envolveria uma retirada imediata de tropas de áreas ocupadas, não abrir mão da Crimeia e ainda faria exigências para a OTAN.

O governo ucraniano também apresentou um plano de paz, mas que é rejeitado pelo Kremlin. Pelo pacote, apenas pode acontecer um diálogo para um cessar-fogo quando os militares russos se retirem de todas as áreas invadidas.

Para os russos, porém, o Kremlin e o governo Lula compartilham a mesma visão de alguns dos principais pontos da agenda internacional.

“Temos uma cooperação muito boa com Brasil e a visita do ministro Serguei Lavrov ao Brasil prova que temos uma relação muito próxima e compreensão dos principais problemas internacionais”, disse o embaixador, citando a visita de um dos principais aliados de Vladimir Putin ao Brasil, há uma semana.

Gatilov ainda destacou a decisão do Brasil de não aderir de forma integral à agenda internacional de Joe Biden, presidente dos EUA. Um deles foi a segunda reunião da Casa Branca para a defesa da democracia, com aliados de várias partes do mundo.

Apesar de Jair Bolsonaro ter participado do primeiro encontro, em 2022, Lula decidiu não fazer parte do esforço, em 2023. A suspeita do Brasil é de que Washington estaria apenas usando o termo “democracia” para construir uma aliança contrária aos chineses e russos.

Para os russos, isso é um sinal de que o Brasil mantém sua postura de distanciamento. “Isso mostra que o Brasil não concorda com a política dos EUA e do campo ocidental”, disse o diplomata russo.

Nas últimas semanas, Lula tem gerado críticas por parte de diplomatas americanos e europeus, diante de sua postura em relação à guerra. Mas, no Itamaraty, o posicionamento é de que o Brasil simplesmente quer manter os espaços para que um diálogo possa ocorrer e que não há um esforço para equiparar as responsabilidades entre ucranianos e russos.

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