Conselho de Medicina mantém julgamento de médico acusado da morte de dois pacientes sob sigilo e advogado diz que profissional teve o registro suspenso por 30 dias, mas vai recorrer junto ao Conselho Federal de Medicina pedindo a cassação do profissional

Conselho Regional de Medicina (CRM), em Manaus, teria penalizado com uma suspensão de 30 dias o registro do médico gastroenterologista Édson Ritta Honorato, de 67 anos, que responde a negligência médica pela morte dos seus pacientes, a jornalista Melina Seixas, e Alan Braga. As mortes ocorreram no ano passado após a implantação mal sucedida de balões gástricos – uma técnica usada na medicina para emagrecimento. A informação é do advogado de defesa das vítimas Raul Góes. O Conselho não confirma.
O médico também já foi acusado de facilitação de prostituição infantil. O órgão possui um histórico de corporativismo e impunidade de profissionais denunciados por pacientes e familiares, vítimas de negligência médica.
Procurado pela reportagem, o Conselho não confirmou a suspensão do médico, mas também não negou. Em nota da assessoria de imprensa disse que o processo corre em sigilo, não sendo possível a divulgação de informações sobre o resultado do julgamento até o seu trânsito em julgado (veja na íntegra no fim da reportagem).

Durante a apreciação do caso, na noite de ontem (9), familiares e amigos das vítimas protestaram em frente ao prédio do Conselho, na Rua Raimundo Parente, no Alvorada, exibindo faixas e cartazes pedindo justiça.
Segundo o advogado Raul Góes, o CRM aplicou a pena de suspensão do profissional limitado a 30 dias, pois a lei sobre infrações disciplinares de médicos estabelece que a pena máxima é de 30 dias e não pode ser aumentada.
“Com a decisão, a defesa vai entrar com recurso no Conselho Federal de Medicina para a cassação do registro do médico”, informou o advogado.
Um dos manifestantes era o irmão de Alan, Aquiles Braga, que não conteve a indignação diante da suspensão de 30 dias do registro do médico. “Ele não é um médico, é um mostro”, disse.
Para o viúvo da jornalista Melina, Darlan Taveira, a penalidade tem e ser agravada. “Vou buscar justiça. Ele vai ser punido. Tenho fé. Esse dia vai chegar. Tenho a convicção de que a justiça será feita. Isso aqui é uma batalha e tenham certeza que eu estarei dentro da trincheira lutando”, afirmou.

Nota do CRM-AM
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CRM/AM) informa que o processo corre em sigilo, conforme disposto na Resolução CFM nº 2.306/2022, não sendo possível a divulgação de informações sobre o resultado do julgamento até o seu trânsito em julgado.
Ressalta-se ainda, a possibilidade de interposição de recurso pelas partes ao Conselho Federal de Medicina, no prazo de 30 (trinta) dias, após a juntada do comprovante de intimação da decisão nos autos.
Manaus, 10 de maio de 2023.