Ricardo Galvão sairá do cargo mesmo com mandato até 2020. Ele anunciou que será exonerado após falas sobre o presidente gerarem ‘constrangimentos’ e tornarem ‘insustentável’ sua permanência no cargo
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o engenheiro Ricardo Galvão, anunciou nesta sexta-feira, 2, após uma reunião com o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, que deixará o cargo.
O diretor do Inpe foi acusado por Bolsonaro de estar “a serviço de alguma ONG” após a divulgação de dados do instituto que mostraram um aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho em relação ao mesmo mês em 2018. O presidente afirmou que os números eram “mentirosos”.
Galvão afirmou a jornalistas na saída do encontro no ministério que suas declarações rebatendo críticas do presidente Jair Bolsonaro a dados do Inpe sobre desmatamento criaram “constrangimentos” que tornaram “insustentável” sua permanência à frente do instituto, dirigido por ele desde 2016.
“Meu discurso com relação ao presidente criou constrangimentos. No entanto, eu tinha preocupação muito grande que isso fosse respingar no Inpe. Não vai acontecer. O ministro, inclusive, discutimos em detalhe como vai ser a continuação da administração do Inpe. Agora, é claro, diante do fato que a maneira que eu me manifestei em relação ao presidente, criou um constrangimento que é insustentável, então eu serei exonerado”.
afirmou Galvão a jornalistas.
Bolsonaro chegou a dizer também: “Se toda essa devastação de que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria sido extinta seria um grande deserto”, disse Bolsonaro, durante um café da manhã com jornalistas estrangeiros. “A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos”, afirmou. “No nosso sentimento, isso não condiz com a realidade. Até parece que ele está a serviço de alguma ONG, que é muito comum”, atacou.