Projeto traz novo impasse para exploração do minério, assim como compromete a bacia leiteira do município, diz governador

O governador Wilson Lima (União Brasil) vai dizer na reunião do consórcio dos governadores da Amazônia Legal, nesta sexta-feira (16), em Cuiabá (MT), que a criação de uma nova reserva indígena no município de Autazes, na Região Metropolitana de Manaus – a 100km da capital – criará um novo impasse para a exploração do potássio/silvinita, produto que o Brasil depende de importação para produzir fertilizante para o agronegócio, locomotiva da economia do país.
Para o governador amazonense, se não bastassem as disputas judiciais motivadas pelo ativismo ambiental para que a empresa Potássio do Brasil, subsidiária da canadense Brazil Potash Corp, possa explorar o minério, agora, o governo federal pode criar um novo empecilho para o projeto que prevê a criação de milhares de empregos e a arrecadação de tributos e impostos, municipais, estaduais e federais.
Segundo Wilson Lima, o Governo do Estado tomou conhecimento que a Funai e o Ministério da Justiça, agora responsável por demarcação de terras, estão realizando estudo para criar duas reservas indígenas em Autazes.
As reservas serão exatamente em cima da mina de potássio e onde os produtores do município criam gado para produção de leite e queijo.
“Então, a bacia leiteira de Autazes está extremamente comprometida com esse comportamento do governo federal”, disse Lima.
Autazes tem uma grande produção agropecuária, baseada na criação de gado leiteiro, bovinos e bubalinos, o que rende o título de cidade do leite e do queijo.
Entre os queijos produzidos destacam-se o coalho e o manteiga, além da grande produção de leite.
Matrizes econômicas
Bastante preocupado, o governador do Amazonas lembra que os defensores da reforma tributária dizem que haverá uma transição e nesse processo será preciso investir nos modelos econômicos regionais e fomentar outras matrizes econômicas.
No entanto, ele se questiona como esse fomento vai acontecer diante desses entraves promovidos justamente pelo próprio governo.
Lima disse que pretende reagir, com apoio da bancada do Amazonas no Congresso Nacional, da Assembleia Legislativa, associações e demais segmentos do estado.
Alckmin apoia
Nessa disputa pela exploração do potássio de Autazes, o Amazonas tem um aliado, pelo menos no discurso. Desde que assumiu o governo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin, já se manifestou duas vezes a favor da exploração do minério.
Na reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), realizada em Manaus, em março deste ano, Alckmin criticou a demora em resolver o impasse sobre a exploração.
A mina de potássio existente no município de Autazes é considerada a maior reserva nacional do mineral no país.
Importação de 98%
“Não é possível levar cinco anos para discutir se a competência jurídica (para licenciar a mina) é do Ibama ou do Ipaam”, disse ressaltando.
“Isso (o potássio) pode ser um dos maiores investimentos do país nessa mina de potássio, para o Brasil deixar de importar 98% do potássio”, destacou.
Ele prometeu empenho na solução desse impasse e argumentou que, com o gás natural, já explorado no Amazonas, em Silves e Coari, o estado pode se tornar uma potência em produção de insumos agrícolas.
Prefeito de Autazes
O prefeito de Autazes, Andreson Cavalcante (União Brasil), também recebeu a reafirmação de apoio ao projeto de exploração de potássio do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB). Na marcha dos prefeitos a Brasília, em março, ele conversou com Alckmin, que criticou o impasse sobre o projeto.
“Vamos ajudar sim, para gente viabilizar projetos que vai gerar emprego, vai gerar riqueza e vai fortalecer a indústria brasileira”, prometeu.