
A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilo fiscal e bancário de Jair Bolsonaro na investigação que apura um suposto esquema de desvio de joias e outros itens de luxo para o patrimônio privado do ex-presidente. A investigação também solicitou que ele seja ouvido no inquérito.
Nesta sexta-feira, os agentes da corporação cumpriram mandados de busca e apreensão contra o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens; o advogado Frederick Wassef, que atua na defesa do ex-presidente; e Osmar Crivelatti, que ainda integra a equipe de assessores do presidente.
Os investigadores apuram detalhes da participação do ex-presidente no esquema, que incluiu uma viagem de aliados para os Estados Unidos para recomprar presentes que, após terem sido entregues a Bolsonaro por países árabes, foram vendidos a joalherias.
A decisão que embasou a operação desta sexta-feira para apurar desvios de objetos da União é de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele afirmou que, de acordo com dados analisados pela Polícia Federal, há a “possibilidade” de que o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República tenha “sido utilizado para desviar, para o acervo privado do ex-presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de Jair Bolsonaro (PL)”.
Além disso, a investigação indica que o material deveria ser vendido e o dinheiro, repassado em espécie para o ex-presidente.
Segundo a investigação da PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid levou para os Estados Unidos presentes recebidos pelo Estado brasileiro com a intenção de vendê-los.
Ele teria transportado os objetos no mesmo avião presidencial em que Jair Bolsonaro viajou para Orlando, em 30 de dezembro do ano passado, na véspera do fim de seu mandato.
Segundo a operação da PF, a suspeita é de que a conta do pai do ex-ajudante teria sido usada para recebimento de valores relativos a vendas de presentes de alto valor recebidos por agentes públicos brasileiros de autoridades árabes.
A investigação “identificou que esse modus operandi foi utilizado para retirar do país pelo menos quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-Presidente da República em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado”, aponta o relatório.
Defesa nega
A defesa de Jair Bolsonaro se pronunciou no início da noite desta sexta-feira (11) sobre a operação da PF que cumpriu mandados de busca e apreensão contra diversos assessores do ex-presidente.
Em nota, os advogados de Bolsonaro afirmaram que “Sobre os fatos ventilados na data de hoje nos veículos de imprensa nacional, a defesa do Presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU — ainda em meados de março, p.p. —, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito.”
Além disso, o texto afirma que ‘Bolsonaro jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária’


