
Pelo menos 22 organizações e coletivos da sociedade civil realizarão, no próximo domingo (1), às 16h, em frente ao Teatro Amazonas, um ato para pressionar o poder público a tomar alguma medida mais emergencial quanto à fumaça de queimada que cobre o Amazonas há mais de um mês.
A atitude das entidades ocorre um dia após Manaus registrar novamente níveis considerados ‘péssimos’ na qualidade do ar, de acordo com a plataforma Selva, desenvolvida pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) para monitoramento do ar.
Conforme noticiou A CRÍTICA, a origem da fumaça em Manaus é, possivelmente, em razão de uma série de queimadas que estão sendo registradas em municípios da região metropolitana.
Dentre eles, Iranduba, Careiro e Autazes. Até quarta-feira (27), foram 6.597 focos de incêndio identificados em todo o Amazonas. O número mapeado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) é duas vezes maior que a média para setembro (3 mil).
“Não temos políticas públicas efetivas para esse descaso perpétuo das fumaças aqui em Manaus. As queimadas no Amazonas estão à extremo vapor e o poder público finge demência para a população. Nós, enquanto sociedade civil, estamos nos mobilizando para a manifestação que é uma convocatória urgente para que juntos possamos cobrar dos poderes públicos e privados respostas e soluções para essa grave situação que está assolando os céus de Manaus”, disse o administrador do coletivo Igarapés Limpos e um dos organizadores do ato, Daniel Maia Felix.
Responsabilidade
Para ele, o poder público tem tomado medidas ineficientes para resolver o problema das queimadas. “Avaliamos as medidas como fracas, porque o Estado precisa fortalecer a infraestrutura e as competências de combate aos focos de calor. Nós somos carentes de infraestrutura e equipamentos para contornar esses eventos”, pontuou.
Para um dos integrantes da coordenação do coletivo Floresta Manós, Welton Oda, o problema das queimadas e da fumaça em Manaus dizem muito mais a respeito da formação da cidade.
“Temos uma percepção de que Manaus é uma cidade que foi fruto, em grande medida, de invasão cultural. Um projeto da ditadura militar. Então, esse modelo industrial, cheio de cimento, concreto, asfalto, com desmatamento da floresta, nasceu de um modelo eurocêntrico. É necessário arborizar, recuperar garapés”, afirmou ele.
Ações
Nesta quinta-feira, o superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Joel Araújo, informou à imprensa que o governo tem atuado para minimizar as queimadas.“O Ibama tem três brigadas de incêndio no Sul do Amazonas, em Apuí, Humaitá e Manicoré, combatendo desmatamento em terras indígenas e em assentos prioritários”, pontuou. Ele ressaltou que o Ibama aumentou seu orçamento em 113% e gasta, hoje, R$ 83 milhões para combater incêndios florestais.
Na esfera estadual, o Corpo de Bombeiros do Amazonas é quem coordena a Operação Aceiro, que só na primeira fase combateu mais de 160 focos de incêndio no Sul do Amazonas.
O secretário de Meio Ambiente de Manaus, Antonio Ademir Stroski, afirmou que a prefeitura realiza desde 2021 o ‘Manaus sem Fumaça’ e continua em campanha contra os incêndios.
“As medidas têm de ser preventivas, e a gente reedita o Manaus sem Fumaça sempre no dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, para transpor o período do verão em que temos essas ocorrências. Então, foi vinculado à campanha institucional, na televisão, em rádio, com material impresso, e fizemos quatro ‘blitze’, vamos fazer mais uma no sábado para conscientizar as pessoas, bem como distribuir mudas de plantas”, disse.


