Criado em 2019, pelo governador Wilson Lima, o Programa Estadual de Combate e Prevenção ao Desperdício e à Perda de Alimento já coletou 896 toneladas de alimentos e beneficiou mais de 500 mil famílias e 1.500 instituições.
Com o objetivo de reduzir o desperdício e combater a insegurança alimentar no estado, o programa coleta alimentos doados por feirantes e donos de supermercados e realiza a entrega para famílias em situação de vulnerabilidade social.
O programa é gerenciado pela Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) e se transformou em lei nº 5.297, de 3 de novembro de 2020, que dispõe sobre o combate ao desperdício e à perda de alimentos no âmbito do Estado do Amazonas.
A lei garante segurança jurídica para que estabelecimentos comerciais, como supermercados e mercadinhos, possam colaborar com o programa.
Para o Secretário de Estado de Produção Rural, Daniel Pinto Borges, a iniciativa traz benefícios não só para os empresários, mas principalmente, para as pessoas beneficiadas.
“Às vezes, esses produtos, pelo fato de não ter uma armazenagem e transporte corretos, acabam sendo desperdiçados pelo feirante ou supermercado. É neste momento que a Sepror atua: realizando triagem e doações. De 2019 até 2023, nós tivemos mais de 1.500 instituições beneficiadas. No mesmo período, mais de 500 mil famílias foram beneficiadas diretamente em Manaus”, pontuou o presidente da Sepror.
Coleta
O primeiro passo é a coleta dos alimentos nas feiras e supermercados de Manaus. Três vezes por semana os carregadores comparecem à Feira da Manaus Moderna, uma das principais da capital. Por lá, feirantes, que já contribuem com doações desde o início do programa, entregam os alimentos separados.
É o caso da feirante Sayda Maia. Ela trabalha há 27 anos no local e, desde que o programa foi implementado, em 2019, separa semanalmente os produtos que não vão ser mais comercializados, mas ainda possuem valor nutricional.
“Eu sempre reservo os alimentos. Se estiver ‘batidinho’ ou ‘machucado’, já separo, porque sei que não vão ser escolhidos pelos clientes, mas ainda estão bons. Nunca jogo no lixo, porque outras pessoas podem precisar”, explicou a feirante.
Triagem
Após a coleta, os produtos passam por uma triagem sob a supervisão de uma gastrônoma, que identifica quais produtos podem ser reaproveitados e para qual finalidade. Além de verificar a procedência, ela também é a responsável por realizar oficinas gastronômicas, onde ensina as famílias beneficiadas com a doação a utilizar os alimentos também como uma fonte de renda.
“Meu papel no programa é mostrar para as famílias podem gerar renda com todos esses produtos que seriam descartados. Sempre reforço: os alimentos podem perder seu valor comercial, mas não nutricional. Não é apenas chegar até o endereço e doar, mas ensinar as pessoas a manusearem corretamente”, ressaltou a gastrônoma Flávia Magna.
Entrega
Na última etapa, os produtos são entregues para famílias e associações cadastradas em programas sociais. A Associação Social Renascer, localizada no bairro Jorge Teixeira, zona leste de Manaus, cadastrou-se recentemente e recebeu, pela primeira vez, a doação do Governo do Estado.
A presidente da Associação, Rosa Andrade, comemorou a chegada dos produtos. “Todas as famílias cadastradas na Associação são de baixa renda. Temos crianças e idosos, que precisam dos alimentos. É um trabalho de ajuda de muito tempo”, ressaltou a presidente.
Aos 65 anos, a Maria do Socorro recebe em casa apenas um auxílio de R$ 600 reais. Junto com ela, moram a filha e o neto de 5 anos. Para a idosa, a doação dos alimentos veio em um bom momento.
“Vou fazer um frango guisado e completar com a verdura que recebi aqui, porque não tinha em casa. Sou diabética e preciso me alimentar bem. Com a doação também vou consegui fazer uma saladinha e outras coisas”, contou a beneficiária.
Prato Cheio
Outro programa social do Governo do Estado que auxilia no combate à insegurança alimentar é o Prato Cheio, que tem como público-alvo as pessoas em situação de vulnerabilidade, entre as quais desempregados, pessoas com deficiência, trabalhadores informais e mulheres que chefiam famílias e que se encontram em situação de extrema pobreza, pobreza ou baixa renda. Desde a sua implementação, mais de 8 milhões de refeições foram servidas na capital e no interior.
O programa tem 44 unidades em funcionamento, sendo 18 em Manaus e 26 no interior. É dividido em dois serviços distintos: nos restaurantes populares, o almoço é vendido pelo valor simbólico de R$ 1, de segunda a sexta-feira, das 11h às 13h. Nas cozinhas populares, a sopa é gratuita e cada pessoa atendida tem direito a 1 litro do alimento, de sabores variados, de segunda a sábado, também das 11h às 13h.