
Um dos primeiros colocados nas pesquisas e vencedor das primárias argentinas, o candidato Javier Milei acusou o presidente Lula de tentar interferir nas eleições. Um dos principais parceiros comerciais do Brasil, a Argentina vive uma das campanhas presidenciais mais disputadas e indefinidas dos últimos anos.
Nas redes sociais, Milei chamou Lula de “comunista nervoso” por supostamente influenciar decisão do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) que concedeu empréstimo de US$ 1 bilhão (R$ 5,1 bilhões) ao governo de Alberto Fernández, aliado do petista. Os recursos foram viabilizados através do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“A casta vermelha treme. Muitos comunistas nervosos e com ações diretas contra mim e meu espaço. A liberdade avança! Viva a liberdade, c******!”, disse.
A Argentina necessitava de um empréstimo-ponte para desembolsar US$ 7,5 bilhões (R$ 38,6 bilhões) no FMI. Dos 21 países que fazem parte do CAF, apenas o Peru votou contra a concessão do empréstimo, mesmo após o país já ter atingido o limite de crédito.
O resultado foi a autorização do acordo com o FMI e a liberação do dinheiro para a Argentina.A injeção dos recursos ajuda o governo de Fernández, que tenta emplacar o ministro da Economia, Sergio Massa, nas eleições presidenciais. Pesquisa da Atlas Intel divulgada na última semana aponta uma pequena diferença percentual entre os três primeiros colocados: Massa tem 30,7% das intenções de voto, contra 27,9% de Milei e 27,7% de Patricia Bullrich, ligada ao ex-presidente Mauricio Macri.
Planalto nega
Após a veiculação da suposta influência brasileira no CAF para beneficiar a Argentina, o Palácio do Planalto negou qualquer intervenção do presidente Lula.
“Também ao contrário do informado, o chefe de Estado brasileiro não conversou sobre o empréstimo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, governadora do Brasil na CAF”, informou, por meio de nota.
Conforme o governo federal, o pedido de empréstimo-ponte foi discutido pelos países acionistas do banco em julho. O Brasil, que tem 8,8% do capital da instituição, é o quarto maior acionista, atrás de Colômbia, Peru e Argentina.