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Seca em Manaus provoca férias coletivas na indústria; produções mais atingidas notebooks e televisores

Das mais de 100 grandes indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM), 35 irão dar férias coletivas para  17 mil trabalhadores a partir do dia 25 deste mês até 4 de novembro. 

As férias antecipadas, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), Valdemir Santana, é por causa da baixa navegabilidade dos rios da Amazônia.

Segundo ele, a seca impede o transporte dos navios cargueiros, que trazem os contêineres da Ásia com os insumos (partes e peças) para o setor de eletroeletrônico. Ele diz que essas indústrias já estão com problemas de estoques para tocar a produção.

Valdemir Santana afirma que os segmentos mais atingidos são os que produzem celulares, notebooks, condicionadores de ar e televisores, ou seja, o carro chefe do Polo Industrial de Manaus.

“Vamos assinar um acordo amanhã (17), com as indústrias para que nenhum trabalhador seja demitido. Geralmente nossas férias são em dezembro, mas com a seca hoje não tem um navio sequer vindo para cá (Manaus)”, disse o sindicalista. “A Black Friday já está prejudicada”, concluiu. 

Conforme os dados dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o Polo Industrial gera hoje 110.667 postos de trabalho diretos, incluindo empregados efetivos, terceirizados e temporários. 

Sinalização

Por meio de nota, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo, criticou as dificuldades enfrentadas pelas indústrias do Estado devido à falta de hidrovias.

“Há muito tempo reivindicamos a sinalização das nossas hidrovias para a dragagem dos rios, a fim de melhorar a navegação, sinalização dos rios para o transporte seguro e para quando chegar essa época não haver esse problema”, diz, lembrando que o último trimestre do ano é essencial para a Zona Franca de Manaus (ZFM), pois é o período para escoamento dos produtos por conta de datas comerciais movimentadas, como a Black Friday (última sexta-feira de novembro) e o Natal.

Também por meio de nota, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) detalhou o problema enfrentado pelas embarcações que levam insumos ao Polo Industrial de Manaus. Segundo o CIEAM, as balsas conseguem passar por trechos com profundidade inferior a dois metros (os navios precisam de pelo menos oito metros), porém transportam menos carga de um navio e não conseguem desenvolver muita velocidade, em razão das restrições atuais de navegabilidade, o que eleva o tempo do percurso e também implica custo maior de transporte, por causa das despesas adicionais com a armazenagem dos materiais por mais tempo nos portos e as transferências imprevistas de contêineres. 

Ainda conforme a Comissão de Logística do CIEAM, os contratempos elevaram entre 25% e 50% o custo de frete na região.

Caminhões parados

Em Manaus, filas de caminhões seguem estacionados sem poder seguir viagem por conta da estiagem.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, elenca os problemas causados ao setor pela estiagem.

“Os principais gargalos decorrentes da intensa estiagem são a dificuldade de acesso logístico de insumos e também o comprometimento do escoamento da produção rural. Além disso, a forte estiagem tem prejudicado a produtividade no setor primário”, pontua.

Aporte do Ministério da Saúde 

Em Manaus, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou nesta segunda portaria que destina o montante de R$ 225 milhões a serem destinados aos municípios do Amazonas, para reforçar ações de combate à estiagem.

O ministério detalhou que serão enviados R$ 102,3 milhões em parcela única aos municípios. Outros R$ 122,7 milhões serão incorporados ao teto de média e alta complexidade do Estado, recursos que servirão para recuperar e ampliar a estrutura do SUS no Amazonas. 

“Neste momento há aqui uma equipe da nossa Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente olhando exatamente os efeitos da questão ambiental em relação a doenças e outros impactos para a saúde por problemas de desassistência que podem ocorrer com esses fenômenos”, declarou a ministra.

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