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Serial Killer do DF matou e depois foi para churrasco


  A medida que a foto do cozinheiro circula nos meios de comunicação, as vítimas dele vão aparecendo. A última um menor de 17 anos conseguiu escapar da morte, mas foi estuprada


Marinésio já contabiliza seis vítimas e é tratado com serial killer Foto: PC do DF/Divulgação

O aprofundamento das investigações sobre os crimes confessados pelo cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, de 41 anos, trazem à tona novas revelações chocantes que comprovam, segundo a Polícia Civil do DF, o comportamento frio e calculista do serial killer. Depois de matar uma de suas vítimas, a diarista Genir Pereira, 47, ele participou de um churrasco, como se nada tivesse ocorrido. Hoje pela manhã (27), uma adolescente acompanhada da mãe foi a polícia e denunciou o assassino por estupro.

De acordo com a delegada-chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Jane Klébia, no mesmo dia em que teria matado a diarista Genir Pereira, 47, em 2 de junho deste ano, o maníaco passou na casa de parentes e foi relaxar em um churrasco na companhia de amigos. O corpo da empregada foi encontrado 10 dias depois.

Além do homicídio das duas vítimas já identificadas – Letícia Sousa Curado, funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC, e Genir Pereira –, a polícia passou a investigar uma possível relação entre o suspeito e crimes cometidos há, pelo menos, cinco anos.

O delegado Veluziano Castro, um dos responsáveis pela investigação, disse que o suspeito confessou os homicídios, mas negou a violência sexual contra a advogada Letícia, que “É comportamento de maníaco em série, perfil desviado, embora saiba perfeitamente de tudo que faz.”

Mas novas vítimas podem desconstruir o depoimento do assassino de que não estuprou suas vítimas. A mais recente vítima dele, uma jovem de 17 anos estava em casa quando reconheceu sua foto numa reportagem na televisão e começou a gritar: “é ele, é ele”. Ela chamou a mãe que a levou na delegacia que apura os crimes.

“Peguei o ônibus para ir ao Itapuã. Quando desci na parada, ele passou. Ficou me olhando e me abordou com uma faca. Disse que se eu não entrasse no carro ele ia me matar. Me levou para a região dos pinheiros e me estuprou. Depois, pegou meu pescoço, me jogou para fora e disse que eu era um lixo”, contou a garota.

A menina, entretanto, relatou que o maníaco não dirigia a caminhonete Blazer prata, veículo que acabou ajudando a desvendar as mortes de Letícia e Genir. “Ele estava em um carro diferente, um Prisma vermelho. Ela tava segura que o homem tinha uma mancha no rosto”, disse a mãe. “Ela tem certeza absoluta de que é ele. Reconheceu pela reportagem, quando o viu, começou a tremer e gritar que era ele”, frisou.

Outras duas mulheres escaparam de serem estupradas e mortas e reconheceram o cozinheiro na polícia. São duas irmãs que sobreviveram e estiveram na 31ª DP, onde reconheceram o agressor. Elas voltavam de uma festa, em menos de 24 horas de ele ter matado Letícia, no sábado (24), na Rodoviária de Planaltina.

Elas contaram que saíam de uma festa na madrugada quando o cozinheiro ofereceu uma carona. Elas resolveram aceitar. As jovens, de 18 e 21 anos, disseram que começaram a estranhar no momento em que Marinésio passou a fazer trajeto diferente da casa delas, no Bairro Estância II, e foi em direção ao Vale do Amanhecer, onde ele mora. Relataram ainda terem sido assediadas.

“Assim que entraram no carro, Marinésio já avançou em uma delas, alisando a perna da que estava sentada na frente. No mesmo momento, ela recusou o toque e disse que é casada, que era para o homem parar. Ele rebateu respondendo: ‘Não dá nada, não’”, contou a delegada Jane Klébia.

Uma das irmãs chegou a pegar uma panela que estava no banco de trás e ameaçou quebrar o carro. “Ele encostou e elas desceram correndo”, acrescentou a investigadora.

Em um outro caso registrado na mesma delegacia, uma jovem de 23 anos, foi abordada na Rodoviária de Planaltina. A mulher, de 23 anos, disse ter sido atacada no dia 11 de agosto passado. Ela esperava o transporte quando Marinésio, desconhecido até então, parou a sua GM Blazer prata e ofereceu carona. Ao perceber que o homem começou a seguir para o Morro da Capelinha, a mulher entrou em pânico e ordenou que o criminoso parasse o veículo. “Agora você vai comigo para lá”, teria dito o maníaco, segundo depoimento da jovem.

A vítima começou a gritar, dizendo que iria pular do carro. Só então Marinésio resolveu deixá-la sair do automóvel. Ela contou ainda que não fez registro de ocorrência na ocasião por temer a repercussão do episódio. Após o caso de Letícia vir à tona, reconheceu o acusado e procurou a 31ª DP (Planaltina).

“A inteligência da polícia reabriu inquéritos de 2014 e 2015 que estavam para ser arquivados por falta de indícios de suspeitos”, afirmou Castro.


Carro onde funcionária do MEC teria entrado, na sexta-feira (23), antes de desaparecer, segundo Polícia Civil do DF
Foto: Polícia Civil do DF / Divulgação

Ainda de acordo com o delegado, o modo de operação usado pelo agressor, a semelhança entre os carros usados nos crimes, a causa das mortes das vítimas – por asfixia – e o local onde foram encontradas (Planaltina e Paranoá) apontam a possível participação dele nos crimes.

Apesar da suspeita, ainda é necessário aguardar a nova análise de laudos periciais sobre as mortes dessas mulheres.

Os crimes

Mesmo negando a violência sexual contra a advogada Letícia Sousa, morta neste fim de semana, Marinésio afirmou à polícia ter asfixiado a vítima.

Segundo as investigações, o crime teria ocorrido fora do carro, “já que não foram encontradas marcas de sangue dentro do veículo”, afirmou o delegado. “A vítima tinha marcas aparentes no pescoço, mas só o laudo pode confirmar”.

“Ele [suspeito] confirma que esganou e matou a vítima sufocada.”

Se comprovada a autoria no caso das duas vítimas já identificadas, Marinésio deve responder por feminicídio, ocultação de cadáver e, possivelmente, estupro.


Corpo de Genir Pereira de Sousa, de 47 anos foi encontrado entre Planaltina e Paranoá
Foto: Arquivo pessoal

Morte de Genir de Sousa

A empregada doméstica Genir Pereira de Sousa desapareceu em 2 de junho e o corpo dela foi encontrado 10 dias depois.

Assim como Letícia, Genir foi vista pela última vez enquanto caminhava até uma parada de ônibus. Câmeras de segurança flagraram o momento em que a empregada doméstica deixava a casa da patroa, no Paranoá.

A patroa de Genir é dona de uma pizzaria e foi quem comunicou o sumiço da empregada. Segundo a empresária, em 15 anos de trabalho, Genir nunca havia faltado sem avisar.


Advogada Letícia Sousa Curado Melo
Foto: TV Globo/Reprodução

Morte de Letícia Sousa

O corpo da advogada Letícia Sousa foi encontrado nesta segunda-feira (26). Até a manhã desta terça (27), o corpo não havia sido liberado para o sepultamento. A jovem estava desaparecida desde sexta-feira (23), quando saiu para o trabalho, por volta das 7h.

Letícia morava no Setor Arapoanga, em Planaltina, com o marido e o filho, de 3 anos. Funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC), ela foi gravada por uma câmera de segurança entrando em uma caminhonete que pertence a Marinésio dos Santos Olinto.

O homem, segundo a Polícia Civil, confessou o crime. Ele disse que matou a vítima porque ela se recusou a manter relações sexuais. Marinésio, que levou os policiais até o local onde estava o corpo, contou que enforcou Letícia.

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