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Segundo uma investigação realizada pelo jornal espanhol Relevo, a Agência Mundial Antidopagem (WADA) permitiu que a Espanha deixasse impunes vários testes de doping positivos. Além disso, de acordo com o jornal, a Agência Nacional Antidopagem do país (CELAD) evitou que esses testes fossem sancionados. A agência espanhola teria utilizado fundos públicos para pagar a testagem irregular durante pelo menos cinco anos.
De acordo com a investigação do Relevo, a Agência Mundial Antidopagem possui documentos que comprovam a existência de resultados positivos ilícitos no desporto espanhol. Segundo a reportagem, o órgão internacional responsável pela promoção, coordenação e monitorização das testagens estava ciente sobre as irregularidades e permitiu que a Espanha não aplicasse sanções aos atletas que violassem as regras antidopagem.
O jornal ainda revelou que, durante pelo menos cinco anos, a agência antidoping espanhola pagou testes irregulares com dinheiro público. Tudo indica que a situação se manteve entre 2017 e 2022, com o conhecimento do diretor, José Luis Terreros, e do chefe do departamento de controle antidopagem, Jesús Muñoz-Guerra.
Além disso, a instituição espanhola utilizou-se de lacunas burocráticas para encobrir uma série de casos. Em um caso positivo de 2019, o CELAD esperou o tempo máximo permitido pelo regulamento (um ano) entre a abertura do caso e a informação ao atleta.
Desta forma, a notificação da sanção foi adiada até o último dia permitido pelas regras e, após isso, foi enviada pelo correio, o que atrasou o recebimento. Quando o atleta (não informado pelo jornal) recebeu a notificação, conseguiu recorrer no Tribunal Administrativo Desportivo (TAD), que decidiu a seu favor, alegando que a sanção foi notificada fora do prazo legal, não resultando em qualquer punição.
Em um segundo caso divulgado pelo Relevo, o atleta espanhol Patrick Chinedu Ike testou positivo para AAS endógeno, norandrosterona e noretiocolanolona em 2019, mas o CELAD não abriu uma investigação e não sancionou o atleta, permitindo que ele continuasse competindo. A Agência Mundial Antidoping não tomou nenhuma medida para impor sanções, embora o resultado positivo tenha sido publicado no perfil do atleta no sistema ADAMS da WADA.
Outro método utilizado para ocultar testes positivos, segundo o jornal, é o uso de aprovações retroativas conhecidas como Isenções de Uso Terapêutico, o qual permite que os atletas solicitem e justifiquem o uso de substâncias proibidas sob prescrição médica.
Tanto a Agência Mundial Antidopagem, quanto a Agência Nacional espanhola não se pronunciaram sobre o assunto até o momento. O Comitê Olímpico Internacional (COI) também não comentou.