Tentativa de assassinato sofrida por Bolsonaro ainda alimenta teorias conspiratórias e provoca efeitos na saúde do presidente e no cenário político

Em 6 de setembro de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro –líder das pesquisas para a Presidência da República– estava em Juiz de Fora (MG) em 1 ato de campanha. Nos ombros de apoiadores, o pesselista vibrava rodeado de milhares de pessoas. Neste cenário, o presidente Jair Bolsonaro foi esfaqueado no abdômen, por Adelio Bispo, considerado pela Justiça Federal como inimputável.
Mas até hoje, há quem jure que o atentado que quase custou a vida de Jair Bolsonaro não existiu. O ataque ao candidato do PSL foi uma encenação, um golpe para enganar o eleitor, uma manobra planejada por políticos e grandes corporações para interferir no resultado da eleição presidencial. Embora tudo o que está escrito até aqui seja absolutamente falso, tem gente que realmente acredita nas palavras acima.
O deputado Paulo Pimenta, por exemplo. Líder do PT na Câmara, ele não hesita em afirmar que duvida que o hoje presidente da República tenha sido golpeado. “Eu nunca me convenci dessa facada”, diz o petista.
O fato é que o atentado contra o então candidato Jair Bolsonaro, que marcou a campanha do ano passado, continua a repercutir até hoje em vários aspectos. Como as pessoas de bom-senso imaginam, a verdade é que a facada, a cirurgia e a internação do presidente, de fato, existiram. No material coletado pela PF, há um laudo do médico que atendeu Bolsonaro na emergência da Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora.
De acordo com o documento, o presidente foi vítima de “traumatismo abdominal por arma branca”, apresentava um quadro de “choque hipovolêmico” quando deu entrada no hospital, foi “submetido a uma cirurgia de urgência” para suturar uma perfuração “no intestino grosso”, seu estado era “grave” e ele recebeu “cuidados intensivos no CTI”.
No plano médico, o presidente Bolsonaro voltará à sala de cirurgia pela quarta vez. Neste domingo, 8, ele vai se submeter à operação de uma hérnia, fruto da perfuração que sofreu no intestino. A princípio, não se trata de nada grave, mas o próprio médico do capitão, Antonio Luiz Macedo, ainda demonstra preocupação com o estado de saúde do paciente.
No plano político, a facada é usada por adversários e aliados na guerra da desinformação que permeia o debate brasileiro. Para os apoiadores do presidente, por exemplo, houve participação da esquerda no planejamento, na execução e no acobertamento do atentado. Membro graduado da tropa de choque do presidente da República, o deputado Marco Feliciano é um dos defensores dessa tese: “O ódio que os esquerdistas diziam que os conservadores pregavam foi materializado — e partiu deles mesmos.
Adélio Bispo

Outro dado inequívoco é que Adelio Bispo agiu sozinho. E um longo trabalho foi feito para chegar a essa conclusão. Responsável pelo caso, o delegado Rodrigo Morais Fernandes analisou mais de 40 000 mensagens em redes sociais e mais de 150 horas de imagens de câmeras de segurança e de celulares de manifestantes presentes no local do atentado. Todas essas informações foram cruzadas com dados levantados em mais de dez pedidos de quebras de sigilo financeiro e telefônico e com o depoimento de cerca de 100 pessoas. Para não pairar nenhuma dúvida, passaram por perícia os computadores e telefones utilizados por Adelio e suas movimentações bancárias. O pente-fino abrangeu os últimos sete anos da vida do ex-garçom — e a reconstituição de seus passos até o instante em que resolveu atacar.
O agressor de Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira, está preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso. Ele foi absolvido pela Justiça Federal por ser considerado inimputável.
Isso porque Adélio foi diagnosticado com transtorno delirante persistente. O juiz Bruno Savino, da 3ª Vara da Justiça Federal de Juiz de Fora, determinou que ele fique internado dentro do presídio por um prazo mínimo de três anos, quando ele passará por uma nova perícia médica.
No dia 3 de setembro deste ano, a PF (Polícia Federal) pediu mais 90 dias para investigar o atentado contra o presidente e o pedido foi encaminhado para o MPF (Ministério Público Federal).
Bolsonaro se emociona
O presidente se emocionou ao falar sobre a facada que sofreu há 1 ano. Em live no Facebook nesta 5ª feira (5.set.2019), Bolsonaro agradeceu aos profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora por terem salvado a sua vida.
“Amanhã faz 1 ano do ocorrido. Muito obrigado a todos vocês, obrigado a todos que oraram pela minha vida, que acompanharam aquele momento difícil que eu enfrentei. Estive aí quase que do outro lado da vida, foi 1 milagre em minha vida, e também quase 1 milagre a minha eleição”, disse o mandatário.
“Não vamos jogar isso ai fora, vamos construir juntos o futuro do Brasil. Não posso fazer tudo que quero, alguns até acham que isso é bom, né. Eu também concordo, isso não é uma ditadura, mas vou fazer tudo que for possível para o bem estar do Brasil, para que o Brasil saia dessa situação em que se encontra no tocante à economia, segurança, questão moral e ética”, completou.