
Em entrevista coletiva realizada na tarde neste sábado (6) o secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Marcos Vinicius, afirmou que o deputado federal Amom Mandel (Cidadania) cometeu abuso de autoridade e humilhou os policiais ao ser abordado durante blitz da Operação Impacto, na última quinta-feira (4), na zona Leste de Manaus. O parlamentar informou que teve armas apontadas para sua cabeça e sua acompanhante.
Vinicius disse que na abordagem realizada por uma equipe da Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), Mandel quis se valer da função de parlamentar que ocupa. ”O que aconteceu foi uma abordagem padrão da Polícia Militar e que ao final os policiais foram desrespeitados, humilhados e esses são os fatos”.
Segundo o relato dos PMs da Rocam, eles identificaram o carro do deputado com as lanternas apagadas e dirigindo mudando constantemente de faixa. Os policiais resolveram fazer a abordagem para verificar. Tentaram parar o veículo algumas vezes, emitindo sinais sonoros e luminosos e com gestos, mas não foram atendidos até que houve a interceptação.
De acordo com o comandante do Comando Policial Especializado (CPE), tenente-coronel Peter Santos, o deputado desceu do carro contrariado, questionando os policiais por qual motivo estava sendo abordado. Os agentes tentaram explicar que se tratava de uma abordagem padrão, mas o parlamentar continuou questionando o trabalho da equipe por não concordar com a abordagem e informou que estava dando voz de prisão à guarnição.
Ainda de acordo com o comandante o mesmo aconteceu com ele, ao receber voz de prisão do deputado após explicar que os policiais não poderiam ser presos e encaminhados para um Distrito Policial, por serem militares.
Após dar voz de prisão a guarnição e ao comandante, o subcomandante da Polícia Militar, coronel Thiago Balbi, se deslocou para atender a ocorrência. Ao chegar ao local o subcomandante ouviu o relato do deputado federal e explicou que a situação, por envolver policiais militares, de acordo com o regimento interno da instituição, poderia ser encaminhada, naquele mesmo momento, à corregedoria do Sistema de Segurança Pública. O deputado se recusou a tomar tal medida e solicitou a presença do secretário de Segurança no local.
O secretário então se deslocou até a ocorrência e ao chegar se deparou com o deputado, novamente, exigindo que os policiais fossem presos em flagrante por suposto abuso de autoridade e levados para uma delegacia.

Os envolvidos foram, então, encaminhados ao 14º Distrito Integrados de Polícia (DIP), onde foram ouvidos pela delegada de plantão, que não verificou a existência de elementos para que os militares fossem presos em flagrante. Um inquérito policial foi aberto para apurar o caso.
Acompanhado de Thiago Balbi, Peter Santos e do Delegado Geral Adjunto da Polícia Civil do Amazonas, Guilherme Torres, Marcos Vinícius explicou que a abordagem realizada não apresentou anormalidade e seguiu o padrão adotado pela Polícia Militar para qualquer atitude suspeita.
“Temos que compreender que do outro lado tem um pai de família. Quantos policiais nós já perdemos e não foram poucos, porque negligenciaram sua segurança na hora da abordagem. Não peçam para o nosso policial morrer. Nossos policiais foram desrespeitados. Não é uma abordagem policial do dia a dia que vai nos tirar o foco do trabalho das instituições. Mas o respeito é importante. A Polícia Militar tem 186 anos. A ROCAM é um patrimônio da segurança pública”, finalizou o secretário.