O Estado é o 2º estado brasileiro mais impactado economicamente pelo serviço de moto por aplicativo.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o Amazonas é o segundo estado brasileiro mais impactado economicamente pelo serviço de transporte por moto em aplicativo. A atividade econômica já é responsável por 0,16% do Produtor Interno Bruto (PIB) local, segundo o levantamento.
De acordo com o professor extra-carreira do Departamento de Planejamento e Análise Econômica (PAE) e dos cursos de especialização da FGV, Renan Pieri, esse impacto significativo do transporte de pessoas em duas rodas, no Amazonas, pode ser explicado levando em consideração a própria questão cultural. No estado, as pessoas costumam usar mais este modal para se locomover.
Mas, para além disso, Pierri ressalta também que Manaus se destaca como uma das maiores fabricantes de motocicletas do mundo, com grandes empresas concentradas no Polo Industrial de Manaus (PIM).
“Algumas cidades chamam atenção por já ter o transporte por moto como hábito entre a população e, Manaus, também tem essa configuração… A gente tem inclusive a leitura de que o dado de Manaus é muito impactante e relevante, não só porque a cultura de moto em Manaus é muito grande, mas também por conta da produção de motocicletas na região da zona de produção em Manaus”, disse.
O estudo realizado pela FGV utilizou o Modelo de Insumo-Produto e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e teve como objetivo quantificar a relevância econômica da categoria no país. O levantamento foi feito com a marca mais utilizada no território nacional, a 99Moto.
De acordo com a pesquisa, foram injetados pela plataforma R$5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) nacional no ano de 2023, o que representa 0,05% do total. O levantamento demonstra ainda que o modal gerou mais de R$2 bilhões de renda às famílias brasileiras, mais de R$461 milhões em impostos (municipais, estaduais e federais), além de garantir mais de 114 mil empregos indiretos.
Em um recorte por estados, a pesquisa revelou que os resultados mais representativos no PIB local foram nos estados com maiores níveis de pobreza. Como proporção do PIB, os estados em que o serviço tem maior impacto são Amapá (0,16% do PIB), Amazonas (0,16% do PIB) e Ceará (0,15% do PIB).
No levantamento, foram calculados também os impactos diretos e indiretos induzidos pela categoria em toda a extensão de sua cadeia produtiva, resultando em R$11 bilhões no valor bruto de produção (VBP). A cadeia produtiva inclui as conexões com o fornecimento de insumos como a compra de motocicletas, o aluguel desses veículos e os gastos com manutenção e transações econômicas após a prestação do serviço – entre eles o pagamento aos motoristas.
Além disso, a pesquisa apontou ainda a geração de atividade econômica por meio desta atividade em todos os estados, com impactos positivos em todas as atividades econômicas. Os efeitos mais significativos foram nos setores de comércio, serviços privados e material de transporte. Outras atividades como agricultura, alimentos e vestuário foram beneficiadas indiretamente.
Comparações
O impacto total do transporte em duas rodas sobre o PIB (R$5 bilhões) é igual ou maior que o PIB de 95% dos municípios brasileiros. Entre eles estão cidades como Nova Friburgo (RJ), Ubatuba (SP) e Caldas Novas (GO). Equivale também a 40% do total gasto mensalmente com o Programa Bolsa Família, do Governo Federal.
Já o efeito sobre a renda (R$ 2 bilhões) é superior ao montante gasto mensalmente com Bolsa Família no estado de São Paulo.
O impacto total sobre impostos sobre bens e serviços (R$461 milhões) é maior que o valor de impostos sobre bens e serviços arrecadados em vários municípios brasileiros, como a arrecadação anual de 2021 do município de Porto Seguro.
Em relação ao efeito total sobre empregos (114 mil), é maior que a população de um município do porte de Ouro Preto (MG).