
A Polícia Civil do Amazonas deflagrou a Operação Mandrágora, nesta sexta-feira (31), para investigar a seita “Pai, Mãe, Vida”, liderada pela família da ex-Sinhazinha do Boi Caprichoso de Parintins e empresária Dilemar Cardoso Carlos da Silva, a Djidja, de 32 anos, encontrada morta em casa, na última terça-feira (28), em Manaus. As circunstâncias da morte são investigadas com revelações diárias de uso abusivo de ketamina (cetamina) em rituais, estupro de vulnerável, associação ao tráfico de drogas, cárcere privado, charlatanismo, curandeirismo, sequestro e provocação de aborto sem consentimento.
Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja Cardoso, foram presos na quinta-feira (30), em Manaus. Segundo a polícia, os dois e Djidja Cardoso lideravam uma seita chamada “Pai, Mãe, Vida”, que praticava rituais que prometiam a cura espiritual e afirmavam que Ademar era uma espécie de reencarnação de Jesus na terra, Cleusimar assumia a figura de Maria, mãe de Jesus, e Djidja, a ex-sinhazinha, Maria Madalena.
Além da família, funcionários do salão de beleza Belle Femme, do qual Djidja era sócia, também eram integrantes da seita. O delegado responsável pela investigação, Cícero Túlio, contou na manhã desta sexta (31) que um dos funcionários, Marlisson Vasconcelos Dantas, continua foragido e deve se entregar ainda hoje, após negociações com a advogada.
O delegado relatou que a seita atuava em parceria com uma clínica no bairro Redenção, em Manaus. Segundo ele, a clínica oferecia ketamina e outras substâncias sem qualquer controle para a família de Djidja Cardoso, que morreu após o uso indiscriminado da substância.
“Fizemos busca e apreensão hoje no local. Não existia qualquer controle ou receituários para a venda desse material”, afirmou Túlio.

De acordo com a polícia amazonense, vítimas da seita estão sendo ouvidas. Duas teriam informado que, além do abuso de substâncias e violência psicológica, a seita praticava violência física e estupro de vulnerável.
O delegado contou que as vítimas relataram que permaneciam dopadas por dias, eram obrigadas a se manter despidas e não podiam tomar banho ou se alimentar.
“Uma das vítimas ainda relatou um aborto, quando foram realizados os mandados de busca e apreensão na residência, notamos um forte cheiro de podridão”, disse Túlio.
A morte da avó de Djidja, também está sendo investigada pela polícial. Familiares de Djidja acreditam que Ademar Cardoso teria injetado ketamina na avó depois de a idosa de 83 anos ter caído e reclamar de dores na bacia.
Segundo a polícia, Cleusimar Cardoso foi encontrada com drogas, inclusive, nas genitálias. “No momento em que uma das autoras foi conduzida à carceragem foram encontrados dois cilindros escondidos nas partes íntimas”, afirmou o delegado na entrevista coletiva de imprensa.
A Polícia Civil aguarda o resultado do exame de necropsia realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), que deve ser divulgado nas próximas horas.
