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“Vazante de 2024 deve superar todos os índices críticos de 2023”, diz pesquisador no Amazonas

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), climatologista Renato Cruz Senna, alertou ontem (29) os deputados na Assembleia Legislativa do Amazonas que a vazante dos rios do estado este ano é muito mais grave que a de 2023. Ele mostrou quadros que atestam a situação e afirmou que a seca do ano passado não acabou, uma vez que os níveis de volume d’água não foram recuperados, fazendo com que 2024 seja uma espécie de aprofundamento da tragédia.

Renato Senna, que também colabora com o Monitor de Secas no Brasil, apresentou os mapas de aprofundamento da estiagem desde janeiro no Amazonas durante Cessão de Tempo concedida pelo deputado Comandante Dan (Podemos), nesta quinta-feira (29).

“Janeiro de 2024 foi muito mais seco que o do ano passado”, avaliou Senna que apresentou fotos recentes dos danos extremos da vazante nos municípios Borba, Maraã e Nova Olinda do Norte.

Para o pesquisador, a iniciativa de levar o tema ao Legislativo é fundamental, porque exige políticas públicas. “Muita gente espera que o rio se comporte como em 1920, mas isso não é mais uma realidade; talvez a nova realidade seja melhor vista a partir da década de 1990”, enfatizou.

O deputado Dan diz não há outro tema mais importante que a vazante nesse momento. “Estamos passando por uma tragédia que era anunciada pela Ciência. Não há justificativa para a falta de planejamento no socorro às populações da Amazônia. Estamos falando da morte da fauna, da flora e, principalmente, dos seres humanos de toda a região”, declarou.

O deputado também é autor da proposta para criação de uma comissão mista no Legislativo Estadual para acompanhar, tanto a vazante, quando as demais emergências climáticas que o Amazonas sofrerá.

“As respostas cotidianas e aceitáveis há dez anos já não servem mais, não são mais respostas efetivas. O normal é novo e exige que ouçamos a Ciência e sejamos proativos. Não dá pra ser reativo e ver a população sofrer com os mesmos problemas; as informações nos permitem uma ação antecipada”, finalizou Comandante Dan.

Quem é o pesquisador

Renato Cruz Senna é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) desde 1986, meteorologista pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Mestre em Agronomia (Física do Ambiente Agrícola) pela Universidade de São Paulo (USP).

Ele tem experiência na área de Geociências, como: previsão do tempo, micrometeorologia de
florestas, climatologia estatística, radiação solar, floresta tropical e monitoramento hidrometeorológico.

Senna foi o primeiro Coordenador Geral de Agrometeorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e entre 2002 a 2020 colaborou na implantação das atividades da Divisão de Meteorologia do Sistema de
Proteção da Amazônia (SIPAM).

Atualmente é coordenador de Hidrologia do Programa LBA e o editor chefe do Boletim de Monitoramento Climático de Grandes Bacias Hidrográficas: Bacia Amazônica, publicação do INPA, com atualização semanal contendo informações das condições registradas nas principais bacias da região.

O pesquisador também colabora com o Monitor de Secas da Agencia Nacional de Águas como validador pelo Estado do Amazonas e também com o Alerta de Cheias do Amazonas, evento anual coordenado pelo Serviço Geológico do Brasil SUREG-MA.

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