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Amazonas: secretário diz que ‘situação é crítica’ e Associação prevê queda no transporte de carga

O secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) do Amazonas, Serafim Corrêa, deu entrevista essa semana ao jornal Valor Econômico onde se mostrou preocupado com o cenário de estiagem no estado devido a seca dos rios da região, que são as estradas para o transporte de cargas do abastecimento do comércio e das mais de 500 fábricas do Polo Industrial de Manaus. “A situação é crítica”, alertou.

Segundo ele, o mais preocupante é a sisutação na região do Alto e Médio Solimões e nos rios Purus, Juruá e Madeira. “No ritmo que vai, até o fim do mês de setembro, o rio [Solimões] deve bater a mínima do ano passado e aí vai dificultar a navegação”, afirmou o secretário para o Valor.

A interligação de Manaus é estratégica com portos de saída do Norte brasileiro e das Guianas, Colômbia, Equador e Peru é parte do projeto Rotas de Integração do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), que inclui cinco caminhos para dez diferentes pontos de saída para o Oceano Pacífico. O objetivo é ampliar e agilizar o comércio intrarregional e encurtar o tempo de viagem aos mercados asiáticos.

A reportagem cita ainda os esforços da iniciativa privada para manter o fluxo das mercadorias, que instalou dois portos flutuantes provisórios no Rio Amazonas, a 100 km de Manaus, onde a profundidade do rio é maior, e nesta segunda-feira (9) começa a operar o transbordo de cargas dos navios para balsas, com calado menor que conseguem chegar na capital amazonense.

O Valor ouviu diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem, Luiz Fernando Resano, que disse se preparar para mais um ano de queda no transporte de cargas devido à estiagem.

“Secas sempre existiram na região, forçando embarcações a trafegarem com menos peso. O que mudou foi a intensidade”, explica Luís Fernando Resano.

Segundo ele, em uma região já complicada devido às imensas distâncias e a predominância de vias fluviais, a logística de transporte de mercadorias está enfrentando mais um desafio.

Luiz Fernandoi Rasano informou que no ano passado, eles ficaram impossibilitados de passar em um trecho do rio Amazonas abaixo de Manaus. “Ali o calado, ou seja, o quanto o navio podia mergulhar na água, ficou limitado a menos de oito metros, o que é economicamente inviável”, falou para a reportagem.

Ainda de acordo com ele, um mês sem navegar resultou em queda da movimentação de contêineres no quarto trimestre de 2023, de 75 mil unidades para 40 mil. O porto de Manaus é o segundo maior do Brasil depois de Santos (SP) para a cabotagem.

“Em 2023, foram 240 mil contêineres movimentados, do total de 1,2 milhão em todo país. Isso sem contar os graneleiros que levam soja, milho e outros grãos para o exterior e o transporte do gás produzido no polo de Urucu, da Petrobras”, explica Rasano.

Sem poder contar com ações mais rápidas do governo federal, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) foi alertado de abril para maio sobre o problema, somente agora, segundo o órgão, as licitações deste ano devem ser homologadas nos próximos dias, para que seja possível dar início às ordens de serviço. No ano passado, o Dnit informou que fez contratações emergenciais em trechos do rios Amazonas e do Solimões.

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