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Seca no Amazonas ameaça fornecimento de peixe, alternativa é a importação de pescado dos vizinhos

A pior estiagem enfrentada pelo Amazonas nos últimos anos ameaça o abastecimento de peixe na região de Manaus, capital do Amazonas onde vivem cerca de mais de 2 milhões de pessoas.

De acordo com a Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM) a seca deve ocasionar a escassez de peixe nas feiras e mercados de Manaus ainda em 2024. Os impactos já são sentidos no bolso de quem compra e de quem depende da venda do animal para sobreviver.

Na sexta-feira (20), data da atualização mais recente, o nível do Rio Negro em Manaus era de 15,08 metros. No último dia 11, a Prefeitura de Manaus declarou situação de emergência na cidade.

Segundo a Fepesca-AM, com a redução drástica dos níveis dos rios, muitos pescadores enfrentam dificuldades para acessar os pontos de pesca tradicionais, o que pode significar uma redução na oferta de peixe no estado.

A situação se agrava com o aumento dos custos operacionais, uma vez que os pescadores precisam se deslocar para áreas mais distantes e menos produtivas. Durante o período de seca, as embarcações têm dificuldade de acesso aos locais. Por conta dessas variáveis, o preço dos peixes também pode subir.

“Nessa estiagem a água também pode esquentar mais do que o normal e afetar o oxigênio para os peixes. Isso faz com que a produção desembarcada na cidade de Manaus tenha uma redução, e quando há essa redução é a lei da oferta e procura, a tendência do preço é aumentar”, destacou o presidente da entidade, Walzenir Falcão.

O pescador ainda ressalta que, o jaraqui, uma das espécies mais consumida pelos amazonenses, pode sofrer um aumento de até 40% neste devido a dificuldade da logística no atual cenário do estado.

A piracema que ocorre no estado ainda garante estabilidade nos preços — Foto: Lucas Macedo/g1 Amazonas

Impacto Econômico

Segundo a economista Michele Aracaty, uma alternativa para driblar a escassez é a importação de pescado do estado de Rondônia, mas a medida pode não surtir efeito por muito tempo.

“Tal cenário contribui para a estabilidade do preço do produto neste período de estiagem, mas poderemos ter impacto no futuro devido a elevação no preço da ração utilizada para a alimentação do pescado” explicou a economista.

A economista, ressalta ainda, que o impacto da seca não se aplica só aos peixes, mas em toda a produção que é comercializada no estado por meio dos rios.

Levando-se em consideração a relevância regional dos rios todo e qualquer alteração ocorrida neste cenário impacta sobre o cotidiano de todos. No período da estiagem ou seca dos rios culturalmente os produtos ficam mais escassos o que eleva o seu preço para o consumidor final sem contar a ampliação do prazo de entrega”, explicou Michele

Medidas do Governo do Amazonas

Em nota, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), informou que o Governo do Amazonas está em fase inicial de estudos para encontrar uma solução para os pescadores que sofrem o impacto da estiagem.

Para mitigar os impactos da estiagem, algumas iniciativas estão sendo propostas, informou o Idam. Organizações locais e entidades governamentais estão discutindo estratégias para a recuperação dos habitats aquáticos e a implementação de sistemas de monitoramento que ajudem a prever e gerenciar melhor os recursos pesqueiros.

“O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) informa que está em fase de levantamento de informações, por meio de 75 Unidades Locais (UnLoc’s) e postos avançados próprios, para identificar as necessidades dos pescadores artesanais no estado, que, atualmente, são mais de 60 mil, durante a estiagem”, afirma a nota.

O órgão também explica que mesmo com a grande vazante das calhas dos rios, os valores dos pescados que são comercializados no estado, ainda não sofrem um grande aumento.

“Com relação ao preço do pescado durante a estiagem, embora a captura seja mais fácil por conta da baixa da água dos rios, a tendência é o aumento do valor em algumas regiões do estado devido aos entraves logísticos. Por isso, o Idam tem realizado ações de crédito para que o pescador artesanal tenha meios para custear a atividade e garantir a chegada da produção dele nos mercados consumidores”, conclui o IDAM.

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