
O Observatório BR-319 (OBR-319) lançou, nesta semana, vídeos explicativos que ensinam como usar o mapa interativo com dados públicos sobre a rodovia BR-319, única ligação terrestre de Roraima e Amazonas com o restante do país e que atualmente está colapsada coim o volume de cargas transportadas por três mil carretas, que fazem filas quilpmétricas para travessar em balsas improvisadas devido a seca severa na região Amazônica.
A ferramenta de pesquisa e monitoramento permite ativar camadas para visualização de todas as categorias de Áreas Protegidas na região de influência da estrada, além de pontos de desmatamento, focos de calor, entre outros. Ela permite que os motoristas evitem a rodovia que atualmente tem 50% do sua extensão de 800 km asfaltantados. Uma viagem que era feita em 10 horas, atulamente pode levar dias devido ao pavimento de terra da estrada que é essencial para a logística de abasteciumento da população de 4 milhões de habitantes, além do Polo Industrial de Manaus, que tem 600 empresas instaladas e é responsável pelo estoque de eletrônicos do mercado brasileiro.
Os vídeos estão disponíveis no canal do Observatório BR-319 no YouTube.
“Essa ferramenta é fundamental para qualquer pessoa interessada em monitorar ou pesquisar informações sobre a BR-319. Com ela, conseguimos visualizar dados críticos sobre desmatamento, ocupação de terras e outras questões socioambientais que impactam diretamente a região”, afirma Heitor Paulo Pinheiro, especialista em geoprocessamento e analista do Instituto de Conservação de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam), organização membro do OBR-319, responsável pela criação do mapa e que recebe recursos das empresas da Zona Franca de Manaus.
A plataforma está organizada em cinco categorias principais: interflúvio Madeira-Purus, infraestrutura, Áreas Protegidas e destinadas, monitoramento e ordenamento territorial.
Outro destaque da plataforma é a origem variada dos dados, que inclui fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre outras instituições ligadas ao tema.
Os mapas podem ser baixados em diferentes extensões, como CSV, GeoPackage, GeoJSON e KML, e os usuários ainda podem escolher o fundo do mapa entre Global Land Analysis & Discovery (GLAD) e Bing Satellite.
“Com esse sistema, o Observatório BR-319 dá um passo importante na transparência e no acesso a dados socioambientais, ajudando a sociedade a acompanhar as mudanças na região de forma precisa, interativa e instigante. Sendo que este se mostra um instrumento útil para todos interessados e envolvidos com a temática.”, diz o secretário executivo do OBR-319, Marcelo da Silveira Rodrigues.
Até o momento, estão disponíveis três vídeos que apresentam o mapa interativo, mostram como visualizar as camadas e dados e falam sobre as fontes de dados.
À medida que houver demanda dos usuários, o OBR-319 produzirá mais vídeos mostrando mais detalhes da plataforma.
BR-319
Inaugurada em 1976 como vetor do desenvolvimento da Amazônia Ocidental, a BR-319 (Manaus-Boa Vista) veio junto com o pacote do governo federal do projeto Zona Franca de Manaus, que faturou R$ 161,02 bilhões, de janeiro a novembro, US$ 32.22 bilhões de dólares no ano passado, gerando 500 mil empregos diretos e indiretos.
Atualmente, o Polo Industrial de Manaus (PIM) abriga cerca de 600 empresas, com marcas de renome global, como Honda, Yamaha, LG, Samsung, BIC, Procter & Gamble, BYD, Essilor, Gree, Midea, Harley-Davidson, BMW Motorrad, Whirlpool, Hisamitsu, Coimpa, TCL e Coca-Cola, com mantém fábricas na região.
Com a seca histórica do Rio Madeira nos últimos 57 anos provocada pelo El Nino, todo o transporte da produção das industrias que abastecem o país com motocicletas, televidores, celulares, ar condicionados e eletroeletrônicos foi suspenso devido as condições de navegação. O Madeira também servia de hidrovia para alimentos e gêneros de primeira necessidade provenientes do Sul e Sudeste como verduras, legumes, carnes e hortifrutigranjeiros.
Em péssimas condições de tráfego, a rodovia, que recebia em torno de mil caminhões por dia, passou a ter três mil carretas trafegando nos dois sentidos e a estrutura ficou estrangulada.
Autlamente vive um caos por não suportar a demanda devido suas péssimas condições com caminheiros levando até quatro dias para fazer a travessia nos dois sentidos do Porto do Ceasa, em Manaus, onde começa a rodovia, para o Careiro da Várzea, que fica do outro lado do Encontro das Águas, normalmente feita em meia hora. As filas de carretas estacionadas já chegaram a mais de 10 km na estrada.
Os prejuízos vão se avolumando devido ao estrangulamento da estrada e toda a economia é afetada na região com os moradores protestando por falta de abastecimento, o turismo prejudicado, ônibus que fazem o transporte interestadual de passageiros, além dos pequenos produtores rurais, que sentem o impacto das péssimas condições da rodovia.
Isolada, a população cobra providências do Departamento de Infraestrutura e Transporte (Denit), orgão do Ministério dos Transportes, pela reconstrução de duas pontes que cairam há dois anos e da repavimentação da estrada, já que as passagens aéreas de Manaus a Porto Velho chegam a custar até 5 mil reais.