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Investimento bilionário em Autazes prevê reduzir dependência de potássio do Brasil em 20%

O grupo canadense Brazil Potash Corp. que em abril recebeu em abril a licença para a construção de uma mina no município de Autazes, no Amazonas, prevê reduzir em 20% a dependência do Brasil de potássio importado.

Além de reduzir a dependência brasileira em relação à importação de fertilizantes, o projeto, avaliado em R$ 13,7 bilhões, projeta gerar cerca de 2,6 mil empregos diretos durante a construção e 1,3 mil postos de trabalho durante a operação, além de 17 mil empregos indiretos.

A previsão é produzir 2,2 milhões de toneladas anuais de cloreto de potássio a partir de 2028.

A agricultura brasileira é altamente dependente de fertilizantes importados, especialmente potássio, um dos três componentes essenciais do NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), que forma o adubo utilizado em várias culturas.

95% do potássio consumido no Brasil é importado

Atualmente, cerca de 95% do potássio consumido no Brasil é importado de países como Canadá, Rússia, Bielorrússia, Alemanha e Israel.

No primeiro semestre de 2024, o Brasil importou aproximadamente 7 milhões de toneladas de potássio, e a expectativa é de que esse número alcance 12 milhões de toneladas até o final do ano.

Para reduzir essa dependência, a Brazil Potash Corp. planeja instalar a mina de extração e processamento de potássio em Autazes, a cerca de 113 km de Manaus.

A reserva de potássio em Autazes, descoberta em 2011, é estimada em 800 milhões de toneladas, tornando o Brasil um dos dez maiores detentores de reservas desse mineral no mundo.

A produção anual da mina está prevista para 2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio, e a vida útil da mina, que operará a 800 metros de profundidade, será de 23 anos.

Cloreto de potássio e sal de cozinha

A empresa projeta o início das operações em 2028 ou início de 2029. O minério extraído, a silvinita, será processado para separar o cloreto de potássio (KCL), que representará 30% do total, enquanto os outros 70% serão compostos por cloreto de sódio (NaCl), o sal de cozinha.

Este último, porém, enfrentará dificuldades para ser distribuído no mercado nacional devido à concorrência com o sal-gema produzido no Nordeste e Rio de Janeiro. Assim, parte desse produto poderá ser exportada para países como o Canadá.

Projeto prevê reduzir dependência de potássio do Brasil em 20%

Adriano Espeschit, CEO da Brazil Potash no Brasil, afirmou que o projeto de Autazes poderá reduzir em 20% a dependência do Brasil de potássio importado. Ele ressaltou que o setor agrícola brasileiro, principalmente as plantações de grãos no Centro-Oeste, consome cerca de 5 milhões de toneladas de potássio por ano.

A empresa já fechou um contrato de fornecimento de 500 mil toneladas anuais com o grupo Amaggi, um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

O projeto, que teve sua licença de instalação emitida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), enfrentou desafios legais. Uma decisão judicial inicial havia barrado a emissão da licença, argumentando que a competência seria do Ibama, órgão federal.

Contudo, uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1a Região reverteu o veto, permitindo que o Ipaam concedesse a licença. Além disso, o Ministério Público Federal também havia questionado a viabilidade do projeto, principalmente devido a possíveis impactos sobre o meio ambiente e as comunidades indígenas locais, especialmente o povo Mura.

Segundo Espeschit, as preocupações foram resolvidas com a inclusão de 333 condicionantes ambientais e a aprovação do projeto por representantes indígenas em assembleia.

Condicionantes para a implantação do projeto

Juliano Valente, presidente do Ipaam, destacou que cabe agora à Brazil Potash cumprir as condicionantes – cerca de 333 – durante a implantação do projeto para obter a licença de operação.

O projeto ocupará uma área de 9 hectares para os poços de acesso à mina, 350 hectares para as instalações de beneficiamento e até 100 hectares para a construção de um terminal portuário privado próximo ao rio Urucurituba, para facilitar o escoamento da produção.

Logística para transporte do potássio

O transporte do cloreto de potássio será realizado por caminhões que percorrerão uma estrada de 12 km até o terminal portuário, de onde o produto será transportado por barcaças pelo rio Madeira.

Alternativamente, a empresa estuda usar o rio Tapajós e a rodovia BR-163 para distribuir o potássio até os mercados consumidores no Centro-Oeste.

Até o momento, a empresa já investiu US$ 230 milhões (R$ 1,26 bilhão) em estudos minerais, ambientais e de engenharia, além da aquisição de terras na região. A reserva de potássio subterrânea, localizada entre o Lago do Soares e Urucurituba, tem 13 km de extensão e 10 km de largura, com uma espessura de 2,5 metros de minério.

Ações na Bolsa de Nova York

Para financiar a próxima etapa do projeto, a Brazil Potash entrou com pedido de oferta pública de ações (IPO) na Bolsa de Nova York, com o objetivo de levantar US$ 150 milhões (R$ 819 milhões).

Os recursos serão utilizados para complementar os trabalhos de engenharia, aquisição de terras adicionais e cumprir os acordos com as comunidades indígenas.

A expectativa é que as obras da mina comecem ainda em 2024, com a perfuração dos poços e as obras de terraplenagem, e que todo o projeto esteja concluído em um prazo de 36 a 42 meses.

O principal acionista da Brazil Potash é o fundo de private equity CD Capital, com 30,7% das ações, seguido pelo Sentient Equity Partners e o Forbes & Manhattan Inc.

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