
Com apoio do ACNUR, Mural do Clima realizado no Rio de Janeiro coletou propostas de grupos vulnerabilizados para políticas públicas voltadas para justiça climática e o documento será entregue a lideranças no próximo dia 14. Cerca de dez propostas de ações e de políticas públicas com foco nas mudanças climáticas e grupos vulnerabilizados serão entregues ao governo brasileiro durante o G20 Social.
Elas foram debatidas e elaboradas por mais de 600 pessoas no último domingo (3), durante o Mural do Clima, ação organizada pela Mawon e apoiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
As propostas estão sendo sistematizadas a partir de demandas e sugestões apresentadas por diferentes grupos – pessoas refugiadas, migrantes, catadoras de materiais recicláveis, mulheres negras e moradoras de favelas. A atividade de debate foi organizada pela Mawon, organização liderada por pessoas refugiadas e apoiada pelo ACNUR.
No próximo dia 14, elas serão entregues a lideranças durante o G20 Social, iniciativa da presidência da república para ouvir a sociedade civil durante o G20.
“Buscamos discutir as causas e as consequências das catástrofes naturais. Reunimos grupos vulneráveis para poder dialogar com empresas e com o poder público e trazer soluções eficientes e propor políticas públicas que considerem as maiores vítimas das questões climáticas”, explica o haitiano Robert Montinard, cofundador da Mawon.
“Vamos entregar as propostas ao Governo Brasileiro, que vai poder escutar as necessidades e os desafios da população mais vulnerável, que são as maiores vítimas e as que pagam mais caro quando os desastres naturais acontecem. Ter o apoio do ACNUR nos traz notoriedade e credibilidade, legitima nosso projeto”, completa.
Entre as propostas apresentadas estão a inclusão da educação ambiental no currículo escolar desde as primeiras séries, o reconhecimento da vulnerabilidade das pessoas forçadas a se deslocar em função das mudanças climáticas e ofertas de serviços de acolhimento e integração específicos para essas pessoas à sociedade brasileira.
A venezuelana Mili Yanez foi uma das participantes da atividade. Aos 61 anos, ela demonstra preocupação com o planeta que está sendo deixado para as próximas gerações. “Se seguirmos desse jeito, vamos acabar com tudo, e quem vai sofrer com isso são nossos filhos e netos”, lamenta.
“As mudanças climáticas e os desastres naturais acontecem em muitas regiões que também passam por conflitos. Essas mudanças têm potencializado uma série de deslocamentos e problemas para a população refugiada, que acaba tendo que sair de seus países em busca de proteção”, destaca o associado de Proteção do ACNUR, William Laureano.
“É muito importante a participação de pessoas refugiadas e migrantes no debate e na construção de políticas públicas dos países que as acolheram. Essa atividade é exemplo dessa participação, onde elas compartilham suas demandas, seus entendimentos, e constroem coletivamente propostas”, completa.