Em Tabatinga, a 1.108 quilômetros da capital amazonense, o Rio Solimões apresentou uma descida inesperada na ordem de 2,83 metros. Nesta quinta-feira (30), o afluente mede 6,48 m no município, conforme a medição oficial.
Somente de ontem para hoje, o Solimões desceu 20 centímetros em Tabatinga. O fenômeno chamou a atenção dos especialistas do Serviço Geológico do Brasil (SGB), segundo André Martinelli, pesquisador e gerente de Hidrologia e Gestão Territorial.
“Isso é bastante incomum na estação de Tabatinga para essa época. O que se observa normalmente em Tabatinga é um processo de enchente, ou seja, subida das cotas. Mas esse mecanismo de descida já foi observado em 2016 e em 2022. São exemplos mais recentes”, comentou.
O pesquisador explicou que, com essa descida que ocorreu nesses últimos 15 dias, não significa que haverá uma vazante no município. Aliás, o que acontecerá será um pico de cheia abaixo do comum, como foi observado no ano passado e em 2023.
“Se você pegar o caso de 2022, quando houve uma descida na ordem de quatro metros, em pouco tempo eles foram recuperados. Essas descidas foram em resposta a duas semanas de acumulado de chuva abaixo do esperado, principalmente nos rios formadores do Solimões”, destacou o especialista.
Rio Negro
Em Manaus, o Rio Negro segue subindo após apresentar desacelaração do seu ritmo de enchente. Nesta quinta-feira (30), o afluente mede 22,17 metros, com média diária de subida de cinco centímetros. No início de janeiro, esta média era de 20 centímetros.
“Isso obviamente acaba trazendo uma resposta para Manaus, porque a capital está dentro do sistema Solimões-Negro-Amazonas. Então se tem uma escassez ou uma onda de baixa vinda lá do Alto Solimões, isso vai acabar afetando o hidrograma aqui em Manaus”, concluiu Martinelli.