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Café na Amazônia quadriplica com inovação e manejo sustentável da Embrapa; cidades amazonenses se destacam

Agricultores da Amazônia têm conseguido quadruplicar a produção de café clonal, conhecido como Robustas Amazônicos, graças ao uso de clones mais produtivos e às técnicas recomendadas pela Embrapa, que elevam tanto o rendimento quanto a qualidade dos grãos.

Antes, as lavouras rendiam entre 20 e 30 sacas de 60 quilos por hectare. Agora, com o manejo adequado, a produtividade chega a 120 sacas, garantindo mais renda e qualidade de vida para as famílias rurais.

Os cafés Robustas Amazônicos já são cultivados há décadas na região, mas nos últimos dez anos ganharam destaque no mercado. Produtores de Rondônia foram os primeiros a adotar essa tecnologia, que depois se expandiu para o Acre, Amazonas, Roraima e outros estados.

O cultivo de cafés clonais no Amazonas teve início há pouco mais de uma década e vem se consolidando como alternativa para transformar áreas degradadas em espaços produtivos, segundo o pesquisador da Embrapa, Edson Barcelos.

“A cafeicultura é uma importante atividade econômica; a maioria dos cultivos no Amazonas tem até dois hectares e predominam clones Robustas Amazônicos”, destaca.

Em Silves, desde 2015, produtores adotaram o cultivo de clones Robustas Amazônicos com apoio da Embrapa. A família Lins, uma das pioneiras, viu sua produção aumentar dez vezes em relação ao café tradicional.

A dedicação à produção de qualidade aliada à conservação ambiental garantiu à família o prêmio Florada Premiada 2024, na categoria Campeãs Regionais Canéfora.

Para a matriarca Maria Karimel Lins, a conquista é resultado de todo o conhecimento adquirido através de capacitações sobre diversos aspectos da cafeicultura.

“Melhoramos procedimentos de colheita, pós-colheita e os cuidados para manutenção da qualidade dos grãos”, relata a produtora, confiante de que a premiação incentivará outros agricultores a priorizar a qualidade e a preservação ambiental na cafeicultura.

Café indígena

Os cafés Robustas Amazônicos também vem sendo cultivados em terras indígenas, tornando-se referência na sociobioeconomia da região.

Em Rondônia, o Projeto Tribos, iniciativa do Grupo 3 Corações com apoio da Embrapa, adota um modelo de produção sustentável que beneficia cerca de 150 famílias de oito etnias das terras indígenas Sete de Setembro e Rio Branco.

O trabalho se baseia na transferência de tecnologias que priorizam a preservação das florestas, o protagonismo indígena e a qualidade da produção.

“Entre os resultados alcançados está um café especial, produzido por uma família Suruí, avaliado com nota 100, máxima pontuação atribuída a cafés Robustas em premiações, no mundo”, explica o pesquisador Enrique Alves.

O projeto já tem potencial para ser replicado em outras comunidades indígenas dos estados do Amazonas, Acre e Roraima.

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