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Eleição na UFAM tem debate acalorado sobre problemas históricos

A pouco mais de duas semanas da eleição para a reitoria da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), as cinco chapas candidatas tiveram seu primeiro embate direto sobre problemas históricos que afligem a instituição. O encontro aconteceu na manhã desta sexta-feira, no auditório Eulálio Chaves, em Manaus.

O número de chapas nesta eleição, um dos destaques do pleito, se refletiu na quantidade de pessoas presentes no debate. O auditório estava lotado de apoiadores que vestiam camisas, levantavam faixas e entoavam gritos de guerra de cada uma das campanhas.

As chapas inscritas são: Adriana Malheiro e Plínio Monteiro (04); Allan Rodrigues e Carlos Lamarão (23); Marcos  Mendonça  e Armando Júnior (25);  Tanara Lauschner e Geone Corrêa (57);e Therezinha Fraxe e Sérgio Freire (35).

Infraestrutura

Em um mês de retorno às aulas marcado por quedas de energia causadas pelas fortes chuvas em Manaus, a discussão sobre infraestrutura foi um dos pontos altos entre as chapas. 

A candidata Tanara Lauschner foi questionada sobre o problema por meio de uma pergunta sorteada e defendeu a importância de a reitoria atuar para garantir que a  universidade tenha uma subestação de energia.“As nossas suspensões de atividades por falta de energia, internet, não  são problemas orçamentários, são de gestão. Para as novas subestações, precisamos buscar recursos para que a gente tenha uma infraestrutura melhor”, disse.

Defesa similar foi feita ainda na apresesentação das chapas por Armando Júnior, vice de Marcos Mendonça. A dupla propõe também uma subestação e cabeamento subterrâneo para reduzir o problema de queda de energia. O candidato Allan Rodrigues também criticou o cenário de falta de água, energia e internet, e se comprometeu a atuar para reduzir o problema, caso eleito. 

RU

Um tópico que elevou a tensão no debate foi o anúncio, na semana passada,  de que os alunos da pós-graduação poderão acessar o Restaurante Universitário (RU), garantindo assim a conquista de uma pauta histórica do movimento estudantil. A professora Tanara Lauschner ressaltou o tema como uma conquista da Associação Nacional de Pós-Graduandos, “não desta gestão, como gravou um vídeo na semana passada a atual vice-reitora ou da Propesp”.

A candidata Adriana Malheiro, que é pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp) respondeu. “Essa é uma conquista também da pró-reitoria, porque estivemos lado a lado com os estudantes. Portanto, é uma conquista nossa também”. 

Orçamento

Com a aprovação de um orçamento de R$ 969 milhões para 2025, maior que o de todos os municípios do interior do Amazonas, apesar  das limitações para investimentos, os candidatos também debateram a importância de fazer uma gestão adequada e buscar outras fontes de renda.

Questionado sobre “as obras paradas no campus”, Sérgio Freire, vice na chapa de Therezinha Fraxe, ressaltou que a atual gestão entregou novos prédios e que há um desafio com o orçamento para 2025, que não registrou aumento real comparado ao do ano anterior. “Precisamos de uma reitora com interlocução política como a professora Therezinha tem, alguém que busque emendas para a nossa universidade”, disse.

Já o professor Marcos, que fez a pergunta, respondeu que sua chapa propôs um Fundo de Desenvolvimento Sustentável que poderá ser abastecido com parcerias público-privadadas e criticou a paralisação de construções. “Importante dizer que essas obras, a maioria delas está prevista no PAC, portanto, é preciso que haja cobrança junto ao governo federal”. Therezinha respondeu que sua chapa também prevê um fundo para a UFAM. “Não para obras, mas para construirmos uma unidade indígena nesta universidade, para mostrar a cara  da Amazônia”.

Ainda no campo orçamentário, o professor Allan Rodrigues citou a importância de se retomar uma discussão coletiva sobre a gestão do orçamento. “Vamos recriar uma experiência que já aconteceu antes, um comitê gestor para que diga quanto vamos destinar para cada área. Será uma decisão coletiva”, disse, propondo ainda criar um escritório institucional de apoio a docentes e discentes para elaboração de projetos que possam concorrer em editais de financiamento.

A candidata Adriana Malheiro também criticou o orçamento para 2025 e defendeu a busca de novas alternativas para obtenção de recursos.  “Nós estamos propondo uma mudança estrutural das nossas ‘pró-reitorias fim’, fazendo com que a gente possa anexar um escritório de projetos para estimularmos nossos pesquisadores a arrecadarem mais recursos”, defendeu.

Interior

Também foi pauta no debate o olhar da instituição para os cinco campi localizados em municípios do interior do Amazonas: em Benjamin Constant, Coari, Humaitá, Itacoatiara e Parintins. O sexto campi, em São Gabriel da Cachoeira, está em construção. 

A candidata Tanara Lauschner destacou que sua chapa era a única multicampi, já que seu vice é da unidade de Itacoatiara. Já o professor Allan Rodrigues destacou que é parintinense e, por isso, sente que também representa o interior. O professor Marcos Mendonça, por sua vez, ressaltou seu histórico de atuação no campi de Benjamin Constant.“Dentro do nosso plano, já colocamos um departamento de interiorização para que tenhamos um diálogo com o interior, colocamos também subprefeituras para que possamos descentralizar as gestões e precisamos também descentralizar a gestão financeira”, disse a candidata Adriana Malheiro.

O vice-candidato de Tanara, Geone Corrêa, que é do campi de Itacoatiara, criticou a proposta de criar uma unidade específica para o interior.“Criar um departamento pode deixar o interior ainda mais distante. Precisamos aproximar as pró-reitorias existentes, melhorar os serviços para que nosso interior seja atendido. Precisamos rever o projeto REUNI, que previa 70 técnicos para cada campus, precisamos rever através do redimensionamento da nossa força de trabalho. Aí a gente discute graduação e pós-graduação forte. Vivemos com um numero reduzido de servidores, mas fazemos muito”, afirmou.

Em resposta, o vice de Adriana Malheiro, professor Plínio Monteiro afirmou que o departamento específico fará o trabalho de unificar os órgãos administrativos.
“O departamento irá coordenar todas as nossas pró-reitorias meio e fins para estarem diariamente dialogando com a capital e o interior. É fundamental entender como cooperação e não como separatismo, que não deve existir”, defendeu.

Animais comunitários

Os animais domésticos e silvestres também entraram no debate, considerando que a UFAM ainda é um espaço onde cachorros e gatos são abandonados, ficando suscetíveis a doenças, violências e outras formas de maus-tratos. 

Questionado pela professora Therezinha sobre o que fará se eleito, o professor Allan Rodrigues destacou que a UFAM está localizada em uma área de proteção ambiental, bem como parte dos campi do interior. “Precisamos implementar um setor específico que possa tratar dos animais comunitários, que acolha os animais doentes, castre, vacine e faça campanhas de adoção”.

Foi nesta mesma linha a defesa do professor Sérgio Freire, vice na chapa de Therezinha Fraxe. “Nossa ideia é criar um comitê destinado a esses animais, tanto silvestres como domesticados.  Temos que fazer de acordo com a Agenda PET, do governo federal, criar um comitê e apresentar políticas interventivas”, disse.

Pleito

A eleição para a reitoria da UFAM acontece no próximo dia 7 de abril. A  consulta será realizada no formato on-line. Podem participar docentes, discentes e técnicos-administrativos devidamente registrados. Atualmente, a UFAM possui uma comunidade com mais de 30 mil membros. 

Após a elaboração de uma lista tríplice com as chapas mais votadas, a decisão final ficará a cargo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe, pela Constituição, nomear o reitor ou reitora da instituição.

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