
As Forças Armadas dos Estados Unidos bombardearam um terminal petrolífero no Iêmen na quinta-feira, no que parece ter sido um dos maiores ataques lançados por Washington contra uma posição do grupo rebelde Houthi — integrante do “Eixo da Resistência”, conjunto de atores regionais alinhados ao Irã. Ao menos 74 pessoas morreram no ataque ao porto de Ras Issa, no Mar Vermelho, a cerca de 300 km de Sanaa, de acordo com fontes do grupo.
O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom) informou nesta sexta-feira que o ataque tinha como alvo a infraestrutura portuária, com o objetivo de cortar o fornecimento de combustível aos combatentes destruir uma fonte econômica dos Houthis, considerados terroristas pelo governo americano.
O local do ataque, na Costa do Mar Vermelho, abriga um oleoduto e um porto que são “infraestrutura crítica e insubstituível” no Iêmen, segunfo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Cerca de 70% das importações do Iêmen e 80% da assistência humanitária ao país passam pelos portos de Ras Issa, Hodeidah e al-Salif.
Washington realiza ataques aéreos quase diariamente ao Iêmen desde 15 de março, na tentativa de acabar com a ofensiva que os Houthis mantém contra navios civis e militares nessas águas cruciais para o comércio mundial. Desde novembro de 2023, os Houthis lançaram mais de 100 ataques, sob o argumento de solidariedade aos palestinos, em represália a Israel. O grupo também tenta às vezes atacar diretamente o território israelense, cujo Exército anunciou nesta sexta-feira ter interceptado um míssil procedente do Iêmen.
O Irã, que apoia os huthis, condenou nesta sexta-feira os bombardeios “bárbaros” lançados pelos EUA e afirmou que constituem uma “violação flagrante dos princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas”. Os terroristas palestinos Hamas, também apoiados pelo Irã, denunciou o que consideraram uma “agressão flagrante” e um “crime de guerra”.
O governo americano acusa os Houthis de monopolizarem as receitas do porto, situado ao norte de Hodeida, uma das cidades mais populosas do Iêmen. Washington também impôs na quinta-feira sanções contra um banco do Iêmen e seus principais executivos, alegando que fornecem um apoio “essencial” aos rebeldes.
A ofensiva dos Houthis impediu a passagem dos navios pelo canal de Suez, por onde normalmente transitam 12% do tráfego marítimo mundial. Muitas empresas foram obrigadas a fazer desvios para contornar o extremo sul da África, o que encarece a operação. Em resposta, os EUA lideraram uma iniciativa internacional ainda no governo de Joe Biden. O presidente Donald Trump prometeu continuar a ação militar até que os rebeldes deixem de ser uma ameaça para o transporte marítimo.