Mapa destaca os estados com maior percentual de famílias vivendo na linha da miséria.

O Centro de Liderança Pública (CLP) divulgou dados atualizados sobre o percentual de famílias vivendo abaixo da linha da pobreza em todo o Brasil.
O levantamento utiliza como referência a renda per capita mensal inferior a R$ 218, valor que desde 2023 é o critério oficial para determinar a elegibilidade ao Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do país.
Famílias nessas condições podem acessar outros benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e isenções em serviços essenciais, conforme decreto nº 11.566.
Amazonas: quadro intermediário no Norte, mas acima da média nacional
O Amazonas ocupa o 17º lugar no ranking dos 27 estados brasileiros, com 4,96% dos domicílios abaixo da linha da pobreza.
Esse número significa que cerca de 1 em cada 20 lares no estado convive com condições de renda consideradas insuficientes para garantir o mínimo necessário ao bem-estar.
O percentual coloca o Amazonas em uma posição intermediária dentro da própria região Norte. O estado apresenta índices menores que Acre, Pará e Roraima, mas supera Tocantins (2,65%), Rondônia (2,10%) e Amapá (3,46%).
O dado chama atenção pela complexidade do território amazonense, onde populações ribeirinhas e comunidades isoladas ainda enfrentam dificuldade de acesso a serviços públicos e oportunidades de geração de renda.
Panorama nacional mostra concentração de pobreza no Norte e Nordeste
Os resultados apontam forte concentração de domicílios em situação de pobreza nas regiões Norte e Nordeste. O Acre aparece no último lugar do ranking nacional, com 8,88% das famílias vivendo com menos do que o valor considerado mínimo para sair da pobreza.
Pará (7,80%) e Roraima (6,12%) também figuram entre os estados com os maiores índices do país. Maranhão, no Nordeste, surge com 8,41%.
Em contrapartida, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo registram os menores percentuais nacionais, todos abaixo de 2%. Os dados revelam, mais uma vez, o contraste entre as regiões, resultado de décadas de desigualdade no acesso a educação, emprego e infraestrutura básica.
Desafios estruturais e sociais da Amazônia
Entre os principais fatores que impactam o índice de pobreza na região Norte, destacam-se a extensão territorial, as barreiras logísticas para o desenvolvimento econômico e a baixa capilaridade de políticas públicas.
No Amazonas, o acesso ao Bolsa Família e outros programas sociais depende não apenas do critério de renda, mas também de documentação civil, acesso bancário e presença das famílias nos cadastros sociais.
Para populações indígenas e ribeirinhas, a distância dos centros urbanos pode dificultar ou atrasar o recebimento de benefícios e o acompanhamento das famílias em situação de vulnerabilidade.
Outro ponto importante é o custo de vida nas cidades do Norte, que costuma ser mais elevado devido ao transporte de mercadorias e à dependência de cadeias logísticas complexas, especialmente durante o período de cheia dos rios.
Indicador orienta políticas e monitoramento social
O percentual de domicílios abaixo da linha da pobreza integra o pilar de Sustentabilidade Social do Ranking de Competitividade dos Estados, que serve de referência para gestores públicos avaliarem a efetividade de suas políticas e planejarem ações de inclusão.
O dado também subsidia estratégias de transferência de renda, acesso à educação e fortalecimento dos sistemas de saúde e assistência social.
O avanço no monitoramento e na atualização dos cadastros sociais é apontado como um dos caminhos para ampliar o alcance das políticas públicas e reduzir o percentual de famílias em situação de vulnerabilidade no estado.