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Amazonas abriga 37% dos imigrantes do Norte e lidera na geração de renda e inclusão

O Amazonas se consolidou como um dos principais polos de interiorização de imigrantes e refugiados na Região Norte, com destaque para a capital, Manaus, que lidera o acolhimento de estrangeiros fora da faixa de fronteira.

Segundo o Relatório Anual de Migração 2024, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o estado abriga 37% dos imigrantes em situação de vulnerabilidade registrados no Cadastro Único (CadÚnico), ficando atrás apenas de Roraima (50,1%).

A capital amazonense responde por 18,7% dos reconhecimentos de refúgio da região e por 35,6% dos trabalhadores imigrantes com carteira assinada.

A presença expressiva de estrangeiros reflete a interiorização de fluxos migratórios que antes se concentravam em zonas fronteiriças como Pacaraima e Boa Vista.

Em Manaus, os imigrantes atuam principalmente no comércio varejista e no setor de alimentação, ocupando funções como faxineiro e pedreiro.

A maioria pertence à faixa etária de 20 a 39 anos (65,5%), é do sexo masculino (75,8%) e tem escolaridade elevada: 81,6% concluíram ao menos o ensino médio, e 11,4% têm ensino superior.

Força de trabalho estrangeira cresce no mercado formal

O estoque de trabalhadores imigrantes formalizados na Região Norte cresceu 14,4% entre 2022 e 2023, passando de 16,7 mil para 19,1 mil pessoas. Em 2024, a estimativa já ultrapassa 20,3 mil.

O Amazonas é um dos estados com maior crescimento absoluto, puxado pela regularização de migrantes venezuelanos, que representam 80,6% das autorizações de trabalho na região, seguidos por peruanos, haitianos e colombianos.

Com esse perfil, o estado passa a figurar entre os principais destinos de estrangeiros que buscam oportunidades fora dos centros tradicionais do Sudeste.

A interiorização tem ocorrido de forma coordenada entre governo federal, organizações internacionais e instituições locais, com foco em políticas de empregabilidade, saúde e educação.

Cadastro Único mostra avanço da inclusão social

O crescimento dos registros no CadÚnico reflete não apenas a ampliação da presença migrante no estado, mas também sua maior inserção nas redes de proteção social.

Dos 97,7 mil estrangeiros cadastrados na Região Norte em 2022, 36.254 estão no Amazonas. As mulheres representam 49% dos cadastrados; crianças e adolescentes, 34,6%.

Esses dados indicam que a imigração na região vai além da mão de obra: envolve núcleos familiares em situação de vulnerabilidade, o que reforça a necessidade de ações intersetoriais de acolhimento e integração.

Panorama nacional mostra concentração no Sudeste e desigualdade regional

Apesar do crescimento no Norte, o Brasil ainda registra forte concentração regional de políticas migratórias e de acesso a direitos.

Em 2022, das 376 mil pessoas migrantes inscritas no CadÚnico em todo o país, 33,6% estavam no Sudeste, 29,9% no Sul, 23,5% no Nordeste, e apenas 9,5% na Região Norte.

Essa distribuição desigual reforça os desafios enfrentados por estados como o Amazonas, que, embora sem fronteira direta com a Venezuela, absorvem grande parte dos efeitos da migração forçada, exigindo respostas contínuas das políticas públicas.

Imigração e mercado formal: Brasil ultrapassa 87 mil trabalhadores

No cenário nacional, o estoque de trabalhadores migrantes formais chegou a 87,5 mil até junho de 2024. A maioria é composta por homens (66%) com idades entre 20 e 39 anos (62%), e nível educacional médio ou superior.

As principais ocupações são alimentador de linha de produção, faxineiro, magarefe e servente de obras, concentradas nos setores de frigoríficos, comércio, serviços e construção civil.

Além dos trabalhadores em situação de vulnerabilidade, o Brasil também ampliou autorizações para profissionais qualificados e investidores estrangeiros, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Entre as nacionalidades mais comuns nesses segmentos estão chineses, franceses, japoneses e indianos.

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