
O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) fez críticas à Polícia Federal (PF) após um delegado da corporação dizer que pode divulgar os vídeos da operação de buscas na casa de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma declaração de Bolsonaro, sugerindo que o pen drive apreendido poderia ter sido plantado, não foi bem recebida pela cúpula da PF. Para Carlos, porém, “isso não é investigação – é espetáculo”. O filho 02 de Jair Bolsonaro se manifestou em um post no X, nesta terça-feira (22).
O pen drive apreendido no banheiro da casa de Bolsonaro passou por análise pericial e a PF divulgou que o conteúdo que havia no dispositivo é “irrelevante” para investigação. No entanto, a apreensão virou polêmica após Bolsonaro alegar nunca ter visto o dispositivo e sugerir que um dos agentes da PF, que pediu para usar o local, poderia te-lô colocado dentro do banheiro da casa.
Um delegado da direção da PF afirmou ao site Metrópoles de Brasília, na coluna de Igor Gadelha, que, caso Bolsonaro insista na tese, a corporação divulgará na íntegra os vídeos da operação de buscas na casa e no escritório dele, na última sexta (18), em Brasília. A afirmação de uma alta fonte da PF foi vista por Carlos Bolsonaro como chantagem.
“Que tipo de instituição, em uma democracia, troca a lei pela chantagem? A Polícia Federal, que deveria agir com isenção e respeito à legalidade, agora manda recado pela velha imprensa, ameaçando divulgar vídeos sigilosos sempre que se irrita com Jair Bolsonaro”, reclamou Carlos.
O que está acontecendo
A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã da última sexta (18), dois mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e no escritório dele, ambos em Brasília (DF). A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na busca na casa do ex-presidente, a PF apreendeu dinheiro em espécie, em dólares, um pen drive e um telefone celular.
O ex-presidente é acusado de participar da tentativa de golpe de Estado e de atuar junto com o filho Eduardo para obter imposição de sanções dos EUA contra o Brasil.
Bolsonaro está usando tornozeleira eletrônica. O ex-presidente também não pode usar redes sociais, comunicar-se com embaixadores e diplomatas estrangeiros e nem pode se aproximar de embaixadas.
Carlos também repudiou a divulgação das fotos do dinheiro apreendido na casa do pai, alegando que a publicidade servia para “alimentar manchetes”.
“Lembrando que este mesmo senhor [Moraes] já mandou me intimar se sentindo ameaçado porque fiz uma postagem que nem era referente à sua gestão. Isso não é investigação – é espetáculo. Não é imparcialidade- é ódio puro. Não é Justiça – é perseguição implacável”, escreveu Carlos.
A fala que a PF diz ter sido uma “provocação” aconteceu em entrevista de Bolsonaro à imprensa no dia da operação. O ex-presidente relatou que um dos agentes da PF teria pedido para usar o banheiro em sua casa e, quando voltou, estava com o pen drive na mão.
“Uma pessoa pediu para usar o banheiro e, quando voltou, estava com o pen drive na mão. Eu nunca abri um pen drive na minha vida. Eu nem tenho laptop em casa para mexer com isso. A gente fica preocupado”, declarou Bolsonaro a jornalistas.
Operação da PF contra Bolsonaro
A PF acusa Bolsonaro e Eduardo de atuarem, durante os últimos meses, junto a autoridades governamentais dos EUA para obter imposição de sanções contra agentes públicos do Brasil.
Eles, segundo decisão de Moraes, embasam o pedido de sanções contra o país em razão de suposta “perseguição” no âmbito da Ação Penal (AP) nº 2668, que investiga Bolsonaro como comandante de uma organização armada para tomar o poder no Brasil.