O estudo realizado no Igarapé do Mindu em Manaus e foi amparado pelo Programa Biodiversa da Fapeam.

Uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), avaliou a poluição das águas do Igarapé do Mindu, em Manaus, e testou o uso de fungos nativos como alternativa sustentável para o biotratamento. O estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa Biodiversa/Fapeam.
O projeto, intitulado “Características Físico-Químicas, Microbiológicas e Utilização de Fungos Filamentosos na Melhoria da Qualidade das Águas do Igarapé do Mindu da Cidade de Manaus”, analisou parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água, identificando altos índices de poluição causados por despejo de esgoto doméstico e resíduos sólidos.
Entre os resultados iniciais, foram detectados baixos níveis de oxigênio dissolvido (entre 2 e 3 mg/l, abaixo do mínimo exigido de 5 mg/l) e altas taxas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que chegaram a 47 mg/l, quando o limite aceitável é de 5 mg/l.
A presença de coliformes termotolerantes também foi elevada, alcançando 3 x 10⁵ UFC/100 ml, o que representa risco à saúde pública.
Com base nesse diagnóstico, os pesquisadores aplicaram um processo de biorremediação utilizando fungos filamentosos do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), especialmente dos gêneros Trichoderma, Fusarium e Beauveria.
Redução dos contaminantes
Organizados em consórcios, os fungos foram incubados com amostras da água contaminada por dez dias. Segundo a coordenadora da pesquisa, Ingrid Reis da Silva, doutora em biotecnologia do CBA, os resultados demonstraram redução significativa da carga orgânica e dos contaminantes microbiológicos.
“Ao final do tratamento, observamos uma melhora expressiva nos parâmetros avaliados, o que indica que a própria biodiversidade da região pode ser usada como aliada na recuperação ambiental”, explicou Ingrid.
Além de gerar conhecimento científico, o estudo também contribuiu para a formação de estudantes e bolsistas em técnicas de microbiologia e biotecnologia. “Esse caráter educativo é essencial para fortalecer a ciência e a inovação no Amazonas”, acrescentou a pesquisadora.
A bacia hidrográfica do Igarapé do Mindu abrange cerca de um quarto da área urbana de Manaus. Sua nascente, localizada no bairro Cidade de Deus, sofre com os impactos da expansão urbana desordenada e da falta de saneamento básico, fatores que têm comprometido a qualidade da água.
O trabalho foi financiado pelo Programa Biodiversa/Fapeam, criado para apoiar projetos de ciência, tecnologia e inovação voltados à caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade amazônica.