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Defensoria do Amazonas reúne com moradores e comerciantes do Tarumã-Açu

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) reuniu-se com moradores e trabalhadores do Tarumã-Açu para ouvir lideranças comunitárias e prestar esclarecimentos sobre a ação coletiva que trata da região.

As famílias que vivem e dependem dos flutuantes relataram que ainda não foram ouvidas pela Justiça e manifestaram preocupação com a possibilidade de perder, a qualquer momento, suas moradias e fontes de renda.

O encontro foi coordenado pelo defensor público Carlos Almeida Filho, titular da Defensoria Pública Especializada em Interesses Coletivos (DPEIC). Ele explicou que a Defensoria atua para garantir transparência no andamento da ação e assegurar que as medidas adotadas respeitem a realidade das comunidades locais.

“Existe uma grande ansiedade por parte da população, porque há incertezas sobre prazos e decisões recentes do Ministério Público e da Prefeitura. Nosso papel é manter contato constante e esclarecer os possíveis cenários. O que defendemos é que haja uma organização do espaço, sem criminalizar quem vive e trabalha aqui”, afirmou.

O defensor pontuou que responsabilizar apenas os flutuantes pela poluição do Tarumã não resolve o problema.

“A retirada dos flutuantes não resolve nada. O lixo vem dos igarapés, trazido da cidade. O que precisa é fiscalização e ordenamento, alinhando equilíbrio ambiental ao modo de vida de quem depende do rio”, ressaltou.

Problemas relatados

Durante a reunião, moradores apontaram que a decisão judicial de retirada ignorou a participação direta das famílias. Para eles, a ausência de diálogo e fiscalização adequada transformou os flutuantes em um problema maior: a falta de saneamento básico em Manaus.

“Já foi comprovado que são os igarapés que trazem o lixo para o Tarumã, mas na decisão disseram que somos nós que poluímos. Fomos condenados sem direito de defesa”, afirmou Edir Bezerra, que vive em um flutuante desde 2006.

A presidente da Associação de Moradores da Marina do Davi, Sara Guedes, reforçou que o pedido da comunidade não é indenização, mas a regularização da área.

“O que a gente quer é viver dignamente, cuidando daqui. Dizem que os flutuantes poluem, mas sabemos que a poluição vem da cidade. Se hoje o Tarumã ainda tem água boa é porque quem mora aqui cuida”, destacou.

Esforços para a regularização

A Defensoria aguarda resposta do Ministério Público sobre a proposta de reordenamento dos flutuantes. A ideia é estabelecer regras claras para a permanência das famílias no Tarumã, prevendo critérios ambientais, de segurança e de documentação, em vez de remoções sumárias.

“Esperamos que a Justiça olhe para nós com humanidade. O que pedimos é ordenamento, não despejo. É possível regularizar essa área e permitir que famílias continuem vivendo dignamente e trabalhando daqui, sem serem tratadas como culpadas por problemas que não causaram”, comenta Sara que espera sensibilidade do Judiciário e diálogo entre os órgãos.

Enquanto aguardam uma definição sobre o futuro dos flutuantes, moradores relatam que têm adotado medidas para se manter em conformidade com a lei. Eles providenciaram alvarás e licenças junto ao IPAAM e Capitania dos Portos, além de aderirem ao sistema de coleta de lixo por balsas e à instalação de banheiros químicos.

A comunidade também organiza mutirões de limpeza no Tarumã, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e comprovar que a presença dos flutuantes pode conviver com a preservação do rio.

“Corremos atrás de documentos, pagamos taxas, instalamos banheiros químicos e fazemos coleta de lixo. O que pedimos é que os órgãos venham fiscalizar, regularizar e cobrar de quem não cumpre. Só assim todos poderão viver com dignidade e em conformidade com a lei”, completa Edir Bezerra.

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