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Prejuízos causados por incêndios no Amazonas somam R$ 87,7 milhões

 Entre 2013 e 2024, o Amazonas registrou 173.812 focos de incêndios florestais. O Estado ocupa a 4ª posição entre os com maior ocorrência no país. Esses incêndios causaram prejuízos estimados em R$ 87,7 milhões e afetaram milhares de pessoas, de acordo com a CNM (Confederação Nacional de Municípios).

No ranking nacional, o Pará lidera com 435.160 focos, seguido de Mato Grosso com 350.208 focos e Maranhão (247.454). A região amazônica foi a mais impactada com 1,1 milhão de focos em 12 anos, quase metade do total nacional de 2,3 milhões.

O estudo mostra que entre agosto e outubro, período da estação seca, ocorreram 66% dos focos, quando altas temperaturas e baixa umidade favorecem a propagação do fogo, mesmo em áreas naturalmente úmidas.

“Esse período coincide com a estação seca, quando altas temperaturas, baixa umidade e ausência de chuvas criam condições ideais para a propagação do fogo, mesmo em áreas naturalmente úmidas como a Amazônia”, cita a CNM.

Cenário nacional

No Brasil, os incêndios florestais tiveram impacto humano e econômico crescente. Entre 2013 e 2023, cerca de 5,4 milhões de pessoas foram afetadas. Apenas em 2024, o número saltou para 19,2 milhões representando 77,9% do total afetado em todo o período.

“Esses eventos colocam vidas em risco, afetam a saúde da população, forçam deslocamentos e podem destruir moradias e meios de subsistência. Nos últimos 12 anos, mais de 11,9 mil pessoas foram obrigadas a deixarem suas casas (desabrigados e desalojados) e 24,7 milhões de pessoas foram afetadas por incêndios florestais no Brasil“, afirma a CNM.

Em termos financeiros, os prejuízos acumulados entre 2013 e 2023 foram de R$ 1,1 bilhão, enquanto somente em 2024 os danos alcançaram R$ 2,1 bilhões. Os setores mais atingidos foram: agricultura (64%), pecuária (29%) e instalações públicas (3,1%), com a maior parte dos prejuízos concentrada no setor privado (93,9% do total).

Por estado, os maiores prejuízos ocorreram em São Paulo (R$ 1,6 bilhão, 48% do total), seguido por Mato Grosso do Sul (R$ 546 milhões), Pará (R$ 377 milhões) e Minas Gerais (R$ 298,2 milhões). O Amazonas aparece em 6º lugar, com R$ 87,7 milhões.

Os anos de 2019 e 2024 foram os mais críticos. Em 2024, o aumento dos incêndios foi agravado por eventos climáticos extremos, como onda de calor, estiagem prolongada e fenômenos como El Niño e a “gangorra térmica” do Atlântico Norte [ quando as águas do Atlântico Tropical Norte ficam mais quentes que as do Atlântico Tropical Sul], que reduziram a umidade e favoreceram a propagação do fogo.

Focos e regiões mais afetadas

Pará, Mato Grosso, Maranhão e Amazonas respondem por mais da metade dos focos nacionais. Entre as regiões, a Norte concentra 1 milhão de focos, seguida pelo Nordeste (560 mil), evidenciando a influência do desmatamento e das práticas agropecuárias no avanço das queimadas.

Entre 2013 e 2024, a União destinou R$ 2,3 bilhões para prevenção e combate a queimadas, mas apenas R$ 1,5 bilhão foram efetivamente pagos (67% do total autorizado). Em 2024, apenas 54% dos recursos previstos foram liberados.

A CNM alerta que a baixa execução dos recursos compromete a capacidade de prevenção e resposta dos estados e municípios, prejudicando a atuação de órgãos de defesa civil e de fiscalização ambiental.

“A baixa execução dos recursos afeta diretamente a capacidade de resposta e prevenção dos órgãos de proteção e defesa civil frente ao avanço do fogo em biomas vulneráveis. Municípios, que estão na linha de frente dos impactos, muitas vezes não recebem o suporte necessário, refletindo a urgência de melhorias na governança orçamentária”, afirma a Confederação.

Conforme o estudo, o ano de 2024 se consolidou como atípico e devastador, com recorde de pessoas afetadas e prejuízos econômicos. O cenário, segundo o estudo, evidencia a necessidade de maior investimento em prevenção, fortalecimento da fiscalização ambiental e implementação de políticas de manejo do fogo, além de ações coordenadas entre União, estados e municípios, para reduzir os impactos humanos, econômicos e ambientais no Brasil.

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