
Desde às 6h deste domingo (12), a procissão principal do Círio de Nazaré toma as ruas de Belém, marcando o ponto culminante da 233ª edição da maior manifestação religiosa do país. Em 2024, mais de 2 milhões de fiéis acompanharam o cortejo. Para este ano, a diretoria da Festa de Nazaré e as autoridades locais estimam público igual ou superior, reforçando o Círio como símbolo de fé, cultura e economia no Pará.
O trajeto inicia com missa na Catedral da Sé, seguida do percurso de cerca de 3,6 quilômetros, passando por marcos de Belém, como o Mercado Ver-o-Peso, a Estação das Docas e a Praça da República. A caminhada deve durar em torno de seis horas. O Governo do Pará montou um esquema especial com polícias, bombeiros, equipes de saúde e mais de 5 mil voluntários da Arquidiocese para garantir segurança e apoio aos fiéis.
Em um percurso previsto para contar com muitas orações, cânticos e promessas, um dos momentos mais aguardados é o puxar da corda, conduzido pelos “cordeiros”, os devotos que organizam e controlam o movimento de uma corda de 800 metros, símbolo físico e espiritual que liga o povo à Virgem de Nazaré. Segurar a corda é gesto de sacrifício e gratidão, muitas vezes marcado por lágrimas e superação. Quando a corda se rompe, o fato é narrado com emoção, interpretado como sinal de fé renovada.
Ontem, dia com o maior número de procissões do evento, milhares de fiéis tomaram as ruas nas romarias preparatórias que conduziram a Imagem Peregrina até o ponto de partida do Círio. Desde cedo, às 5h30, cerca de 700 mil devotos já estavam em pé acompanhando a imagem da santa em carros, caminhões e motocicletas ao longo de 24 quilômetros.
Esculpida em madeira, a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré foi descoberta por Plácido José de Souza às margens do Igarapé Murucutu, onde hoje se ergue a Basílica Santuário. Mesmo após restaurações, conserva suas feições originais. Em 1953, por determinação do papa Pio XII, recebeu manto e coroa pontifícia confeccionados com fios de ouro e pedras preciosas.
A cerimônia da Descida do Glória, criada em 1969 pelo padre Miguel Giambelli, tornou-se pública em 1992, permitindo aos fiéis acompanhar de perto o momento em que a imagem é colocada mais próxima do povo — gesto que simboliza comunhão, fé e devoção.
As celebrações não se encerram com o Círio principal. No fim de semana seguinte, a programação religiosa e cultural continua com romarias que mantêm viva a devoção à padroeira dos paraenses.
Criada em 2004, a Ciclo Romaria ocorre no sábado posterior ao Círio, dia 18 de outubro, reunindo milhares de ciclistas pelas ruas da capital. Na parte da tarde, a Romaria da Juventude, tradição iniciada em 2001, leva música, oração e confraternização entre jovens de paróquias e comunidades.
A imagem de Nossa Senhora também é homenageada em outras procissões que completam o calendário da festividade: Romaria das Crianças, Romaria dos Corredores, Romaria da Acessibilidade, Romaria da Festa e, por fim, o Recírio, realizado 15 dias após o Círio principal, marcando o encerramento oficial das celebrações nazarenas.