
Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, e Rubens Villar Coelho, o “Colômbia”, acusados de envolvimento nas mortes do jornalista britânico Dominic Mark Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, serão interrogados nesta semana na audiência de instrução e julgamento, marcada para quinta-feira (16) e sexta-feira (17).
Pelado é acusado de matar a dupla, e o Colômbia, de ser o mandante do crime. Eles estão detidos em presídios federais e deverão participar por videoconferência.
A ação penal trata do crime de organização criminosa e envolve mais oito pessoas: Otávio da Costa de Oliveira, Eliclei Costa de Oliveira, Amarildo de Freitas Oliveira, Laurimar Lopes Alves, Jânio Freitas de Souza, Manoel Raimundo Correia, Francisco Lima Correia e Paulo Ribeiro dos Santos.
Nesta ação penal, “Colômbia” é apontado como líder de uma organização criminosa envolvida em invasões ilegais na Terra Indígena Vale do Javari, conforme documentos e investigações que indicam a atuação do grupo em atividades ilícitas, como pesca ilegal e tráfico de munição.
A acusação sustenta que o crime contra Bruno e Dom, que sofreram uma emboscada e foram assassinados em junho de 2022, foi motivado por disputas relacionadas às atividades fiscalizatórias exercidas pelo indigenista na região, que prejudicaram os interesses do grupo criminoso.
Em outra ação penal, na qual ele é acusado de mandar matar a dupla, a juíza Cristina Lazzari Souza afirmou que “há indícios suficientes de autoria e materialidade”. A investigação apontou que ele forneceu munição aos executores dos homicídios.
Entenda o caso
Em 22 de julho de 2022, menos de dois meses após os crimes, o MPF denunciou três pessoas pelo assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips. Foram denunciados Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Santos”) e Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”) por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Os denunciados se tornaram réus e foram presos preventivamente.
No dia 3 de outubro de 2023, a Justiça Federal de Tabatinga decidiu que os três réus fossem julgados pelo tribunal do júri popular. A decisão judicial foi uma sentença de pronúncia, na qual o juiz expressa o seu convencimento quanto à ocorrência de um crime doloso contra a vida e à existência de indícios suficientes para que os réus sejam submetidos ao julgamento pelo júri popular.
Em junho de 2024, a Justiça Federal recebeu a denúncia do MPF contra cinco homens, que passaram a ser réus em ação penal por participação na ocultação dos corpos de Bruno e Dom. Dos cinco réus – Francisco Conceição de Freitas, Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa de Oliveira – os quatro últimos responderão, ainda, por corrupção de menor por terem convencido um jovem com menos de 18 anos a participar do crime.
Após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região confirmar a decisão de pronúncia de Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, em janeiro de 2025, o MPF recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para reverter a decisão que determinou a exclusão do réu Oseney da Costa de Oliveira do julgamento pelo tribunal do júri. Para o MPF, Oseney deve ser julgado no tribunal do júri com Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, também acusados do crime.