
Um estudo inédito sobre a completude dos dados do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Renaest) revelou que o Amazonas apresenta a maior inconsistência nos registros de acidentes de trânsito entre todos os estados brasileiros.
O relatório, divulgado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária em parceria com a Universidade Federal do Paraná, analisou dados de janeiro de 2018 a outubro de 2024.
O coeficiente de variação (CV) do Amazonas chegou a 143,57%, o mais alto do país, em comparação, o Rio Grande do Sul, com o menor CV, registrou 4,94%. O CV mede a variabilidade dos dados, e valores elevados indicam inconsistências na consolidação das informações.
Em 2022, o Amazonas registrou apenas 6 acidentes no sistema Renaest, número que salta para 4.152 em 2021 e despenca para 247 em 2023. Essa flutuação extrema evidencia problemas graves na sistematização dos dados.
O estudo identificou que informações essenciais para o planejamento de políticas de segurança viária estão majoritariamente ausentes nos registros do Amazonas:
- Limite de velocidade da via: 100% não informado
- Tipo de pavimento: 100% não informado
- Condição da pista: 100% não informado
- Condições meteorológicas: 99,15% não informado
- CEP do local do acidente: 100% não informado
- Localização por latitude e longitude: 100% não informado
O problema não é exclusivo do Amazonas. O relatório analisou dados de todas as 27 unidades federativas e constatou que, em nível nacional:
- O campo “limite de velocidade” não é informado em 97,82% dos registros
- Informações sobre equipamentos de segurança estão ausentes em 78,45% dos casos
- Suspeita de uso de álcool não é registrada em 74,12% das ocorrências
- 35,47% das colisões são classificadas genericamente como “colisão”, sem especificação do tipo.


