
Estudo hidrográfico realizado no Rio Içá (que é chamado de Rio Putumayo na Colômbia) entre julho e setembro deste ano (período da seca) concluiu pela viabilidade do lançamento de cabos ópticos subaquáticos que levarão internet de alta qualidade a diversas cidades colombianas.
A infovia será instalada entre o município brasileiro de Santo Antônio do Içá, no oeste do Amazonas, e o colombiano Puerto Asís. A rota de lançamento é estimada em 1.965 quilômetros, maior que o trajeto Manaus-Brasília (1,933 quilômetros em linha reta).
O relatório sobre a viabilidade da infovia foi produzido pela empresa brasileira Navegação Prates e apresentado à EAF (Associação Administradora da Faixa de 3,5), formada pela Claro, TIM e Vivo, responsável pela implementação de infovias no leito dos rios da Amazônia.
Segundo o estudo, 94,5% da rota do cabo não apresenta necessidade de medidas adicionais de proteção. Nos trechos considerados críticos, que concentram bancos de areia, rochas e margens instáveis, a empresa propôs soluções como o enterramento do cabo em profundidade adequada e o uso de proteções mecânicas específicas.
A Navegação Prates destaca que um novo levantamento durante o período de cheia poderá revelar áreas de maior calado, o que pode reduzir a extensão dos trechos sujeitos a enterramento.
“A análise de risco e a correlação geomorfológica confirmam a elevada viabilidade técnica da implantação do COS [Cabo Óptico Subaquático] ao longo do Rio Içá–Putumayo, desde que observadas as recomendações relativas críticos e às necessidades de complementação de dados em áreas específicas”, diz trecho do relatório.
A infovia que levará internet à Colômbia pelo Rio Içá — afluente do Rio Solimões — será conectada à Infovia 02 em Santo Antônio do Içá, na confluência dos dois rios. A Infovia 02 percorre o trecho entre Tefé e Atalaia do Norte, também pelo Solimões, e está interligada à Infovia PAC-1 (Programa Amazônia Conectada), que vai de Manaus a Tefé e foi construída pelo Exército Brasileiro. Essa estrutura, no entanto, enfrenta dificuldades devido ao rompimento de cabos, que precisarão ser substituídos.
De acordo com o governo brasileiro, a nova infovia cria as bases para um corredor óptico transcontinental Atlântico–Pacífico, beneficiando comunidades amazônicas e a integração digital regional entre Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
O relatório também registrou os desafios logísticos enfrentados pela equipe no rio que delimita a fronteira entre Colômbia e Peru. As atividades ficaram suspensas por 17 dias na Colômbia devido à necessidade de acompanhamento pela Armada Colombiana, e não houve autorização para desembarques em áreas peruanas.



 
 
